Semana Mundial do Aleitamento Materno

Aos 11 dias


Na semana mundial de aleitamento materno (1 a 7 de agosto), resolvi tirar a poeira do blog contando minha experiência com amamentação. Amamentar para mim foi muito bom enquanto durou. Eu amava amamentar e descobri isso depois de fazê-lo; mesmo assim, meu caso foi atípico e a amamentação não pôde durar muito, infelizmente.

Digo que descobri depois de fazê-lo porque nunca criei muitas expectativas em torno da amamentação, como forma de me poupar. Tenho uma amiga que não conseguiu amamentar e demorou meses a tocar no assunto, os familiares chegaram a pensar que ela estava deprimindo, enfim, ela ficou muito mal por não ter conseguido, de tanto que queria. Hoje, graças a Deus, isso não é um trauma, ela está muito feliz com seu filho lindo e saudável, mas à época foi triste. Então, para não sofrer mais, desencanei disso. Não posso me colocar na situação de quem não conseguiu amamentar para saber o quão dolorido é, porque depois que vi como era bom, fiquei chateada por ter precisado parar cedo. Não que seja um trauma, mas me dá uma certa saudade, sim.

Como já contei no blog, Matheus sofreu muito no início da vida com muitas cólicas sem eu ainda saber que ele era alérgico à proteína do leite. E por estar exclusivamente com leite materno, foi difícil os médicos acreditarem que fosse alergia, mesmo eu procurando vários e relatando as cólicas. Eu ainda não sabia que por ingerir derivados do leite (não bebo leite), a proteína passava pelo leite materno e isso causava as cólicas horrorosas e frequentes do meu filho. Eu amamentava em livre demanda e passava muito e muito tempo com ele no peito. Sempre que ele chorava, meu peito o acalmava, então, mesmo tendo passado apenas 15 minutos da última mamada, eu dava de mamar  para o acalentar novamente. Eu tinha empedramento com frequência e aos 3 meses dele tive uma mastite. Hoje acho que isso pode ter sido causado pela superestimulação porque os seios eram realmente demandados mais do que a média (ainda sendo em livre demanda) pela quantidade de vezes que eu oferecia o peito para acalmá-lo. E ele chorava muito de cólicas, tadinho. Para cessar a dor de dutos entupidos eu tomava anti-inflamatório e para curar a mastite tomei antibiótico. Nessa mesma época, procurei o Instituto Fernandes Figueira, onde uma enfermeira muito atenciosa desempedrou meu seio cuidadosamente, o que levou 2 dias seguidos (3 horas de um dia e 2 de outro), porque chegou em um estágio em que em casa eu não estava conseguindo nem com a bomba.

Mas não foi isso que me fez parar. Meu leite desceu quando o Matheus tinha 4 dias e era bastante, graças a Deus. Ele desde a maternidade tinha a pega certinha então nunca tive rachadura antes da mastite, quando meu bico (do seio direito) chegou a machucar pela primeira vez. À época, cheguei a conversar por email com uma consultora de amamentação (Bianca Balassiano) que nem quis cobrar visitar ou consulta porque tudo que eu relatava indicava que eu e o bebê estávamos fazendo tudo certo. Ela foi super solidária e humana, me enviou alguns arquivos, li para ver se me ajudava mas hoje tenho absoluta certeza que o problema do choro era somente mesmo da alergia, nada tinha a ver com amamentação. Ele estava super gordinho, crescendo bem. Matheus nasceu muito pequenininho (46,5cm e 2,975Kg) e aos 3 meses já tinha passado da média pra idade na curva do pediatra. Diante disso, eu muito me orgulhava de dizer que ele "estava só no peito".  E talvez por isso, por saber que estava fazendo tudo certo e mesmo quando sentia dor eu me sentir tão bem amamentando meu filho, eu tenha insistido tanto até desmaiar. E sim, isso me fez parar. :(

Descobri a alergia e comecei a fazer a dieta de exclusão de leite e derivados. Minha mãe já vinha insistindo para que eu complementasse com a mamadeira de Neocate, por querer me proteger e com medo da minha fraqueza, mas eu queria ser alimento único do meu filho. Comecei a tomar cálcio para repor a possível falta e excluir tudo que tinha leite. Aí comecei a perceber que quase tudo leva leite, uma quantidade incrível de alimentos. Além dos derivados de leite clássicos, alguns alimentos podem conter algo análogo à proteína do leite, como, por exemplo, o caldo Knorr. Isso me fez passar a só comer comida em casa, porque, né, difícil controlar se um restaurante tempera só naturalmente, sem esses pozinhos ricos em sódio e outras substâncias que poderiam ser nocivas ao meu neném. Além disso, eu não podia comprar presunto na padaria porque a máquina também cortava queijo e isso era suficiente para causar a chamada "contaminação cruzada". Também não podia comer um hambúrguer na chapa, porque quem me garantia que por ali não tinha passado uma manteiga ou margarina? Mas nada disso me impedia de seguir em frente com fé que eu conseguiria, continuar, afinal de contas, eu amava amamentar e não queria deixar de jeito nenhum. Só que nem sempre as coisas acontecem como planejamos...

Quem me conhece sabe que tenho tendência a emagrecer. Fui ficando magra, magra, magra, muito mais do que quando engravidei. Fui ficando fraca, fraca, fraca, mesmo repondo com vitaminas. E no dia em que desmaiei, minha mãe me deu um choque de realidade:
- Seu filho precisa de uma mãe saudável. Você quer dar mamadeira e estar do lado do seu filho ou parar de amamentar de vez porque está internada no hospital do jeito que você está fraca?
Muito triste e chorando muito, decidi que introduziria junto com a amamentação o Neocate. Ele nunca tinha tomado mamadeira, nem com o meu leite. Foram 3 dias difíceis para ele se adaptar à mamadeira, pois como já tinha chegado a quase 4 meses sem conhecê-la, ele não queria pegar/aceitar de jeito nenhum. Ele não associava o ato de sugar à mamadeira e chorava quando colocávamos na sua boca. Quando por fim ele aceitou bem o leite, meu coração se acalmou um pouco. E ele foi ficando cada dia melhor com o Neocate, as cólicas foram parando e eu ficando cada vez mais feliz. Apesar de eu querer muito continuar amamentando, não tinha a intenção de ser uma mártir da amamentação, o momento precisava ser prazeroso para mim e para ele. Como eu fui percebendo a aceitação cada vez melhor dele, fui deixando o seio apenas de noite e madrugada e me preparando para parar a dieta (e por conseguinte a amamentação) antes de voltar a trabalhar, quando ficaria mais difícil comer na rua, a menos que eu contratasse uma empregada que cozinhasse para mim, o que não estava nos planos. Não lembro exatamente quando acabou, porque de tudo isso houve algo positivo: graças a Deus, o Matheus não sentiu nem um pouco a falta, o desmame foi muito natural, talvez porque ele ainda era bem novinho. Quando citei essa história com certa tristeza para uma amiga, ela me consolou dizendo que meu boneco já é bastante agarrado comigo e que ele sofreria muito a falta do peito na minha volta ao trabalho. Será? Nunca saberemos. Talvez seja melhor pensar assim para me consolar do fato de hoje eu não amamentar mais, como é recomendado (até os 2 anos).

Escrevendo esse texto, vieram à tona muitas lembranças doloridas que estavam lá no fundo, até já esquecidas. Tão bom foi o tempo que durou a amamentação que quase não recordo do sofrimento da mastite, do desconforto que senti. Enquanto amamentei, consegui viver intensamente uma das interações mais bonitas, se não a mais bonita que existe, a de ter alimentado meu filho, vê-lo crescer e engordar por meio do meu próprio corpo. E o que desejo não só na semana mundial do aleitamento materno, quando pensamos sobre o assunto, mas sempre, é que todas as mães consigam viver bem, sem sofrimentos, a maravilhosa experiência da amamentação. <3


Uma das ultimas fotos que tirei amamentando, no batizado

Mamãe Musa sentiu uma saudade da licença maternidade agora...

Um comentário:

  1. Oi Musa fiquei tocada com o seu relato. Exatamente o que acontece comigo agora. Li com lágrimas no rosto. Sou uma enfermeira "programada" para amamentação exclusiva que após 3 meses de dieta rigorosa vê seu bebê de quase 5 meses rejeitar o peito em prol da mamadeira de neocate. O ato de mamar no peito da mamãe provoca mais dores pelo aumento do peristaltismo e a amamentação está muito dolorosa para o meu menino. Com a mamadeira é mais fácil e ele se alimenta melhor... esses dias o papai desavisadamente tomou sorvete num copo que era exclusivo da mamãe: o rosto empolou e a cólica que tinha amenizado voltou.. que venha o neocate exclusivo então... não aguento mais ver meu filho sofrer tanto. Renata mãe de Luca.

    ResponderExcluir

Fico feliz quando você comenta!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...