Sobre sono de bebês e ninfomaníacos

A API * recomenda a cama compartilhada. Matheus estava dormindo mal no berço, ainda que ele nunca tenha dormido completamente sozinho, porque tem cama de solteiro no quarto dele, então eu e Rafael revezávamos para dormir lá. Como me identifico muito com os preceitos da criação com apego, decidi adotar a cama compartilhada até eu perceber uma maior segurança dele para dormir sozinho. Ele ainda não teve uma evolução significativa constante. Acorda algumas vezes durante a noite, então não notei tanta diferença no sono em si. Mas na forma de acordar, percebi diferença, sim. Ainda que quase sempre quando acorda de madrugada comece um chorinho, parece que me ver imediatamente e me ouvir conversando com ele de perto traz mais segurança. Quando ele acorda, eu falo no mesmo tom de voz de durante o dia, sem angústia ou afobação: Neném, a mamãe está aqui. Fica tranquilo, pode voltar a dormir que a mamãe está com você em todos os momentos. Mesmo que eu não estivesse aqui fisicamente, se você precisar de proteção eu vou aparecer. Pode deitar e ficar quietinho que o sono vai chegar e você vai dormir bem. Eu fico sentada com ele, não tento imediatamente pegar no colo. Às vezes ele deita e dorme e às vezes me dá os bracinhos, eu pego sentada mesmo e ele volta a dormir.

Eu já me perguntei porque ele acorda tanto. Já tentei ir ao encontro da minha sombra, como sugerido no livro da Laura Gutman (A maternidade e o encontro com a própria sombra). Lá ela dá o exemplo de uma mulher que era mãe solteira, tinha sido abandonada pelo marido e, na interpretação dela, o bebê acordava muito para dizer a mãe algo do tipo "estou aqui, agora você tem a mim, não precisa se sentir desprotegida". Não estou numa fase de me sentir carente de amor, mas me sinto carente do tempo com ele, sempre. Minha volta ao trabalho foi muito conturbada, eu me sentia culpada por ter de me afastar dele durante o dia. Tanto tempo já passou, em dezembro faz 1 ano que voltei, mas será que isso ainda é um reflexo? Sinceramente não sei. Essa é uma parte da minha sombra que não consegui alcançar. Caso eu seja indiretamente responsável por ele ainda não conseguir dormir direto um tempo significativo, por alguma carência minha, como é da teoria da Gutman, tento compensar na minha presença atendendo-o à noite da mesma forma que atendo durante o dia. Caso vocês queiram deixar dicas e sugestões, serão muito bem-vindas. Ah, e ele tem rotina à noite, com luz baixa, eu nino, canto, falo mais baixinho e sempre no mesmo horário, isto é, não é falta de rotina, como a maioria prevê que seja e sugere.

Mas ainda sabendo que em alguns casos é melhor para a mãe e para o bebê, alguns morrem de preconceito com a cama compartilhada. Acho ótimo que os bebês durmam no berço assim como acho ótimo que os bebês durmam a noite inteira desde bem novinhos. Só que muitas vezes não acontece assim. E aí surge a hipótese da cama compartilhada. Pode acontecer porque os pais fiquem muito cansados com o "traslado" durante a madrugada. Pode ser que o bebê durma melhor seja por segurança ou aconchego ou outro aspecto que não saberemos nunca o que é, já que eles ainda não se expressam de maneira objetiva. Pode ser por um monte de motivos. Por que então a cama compartilhada incomoda algumas pessoas?

Andei perguntando isso a quem critica e na maioria dos casos a resposta foi que "atrapalha a intimidade do casal". Eu acredito que a chegada de um filho diminui, claro, as oportunidades de ter relações sexuais e por isso é preciso aproveitá-las, basta ter criatividade. Mas dizer que a cama compartilhada em si atrapalha a intimidade não procede. Normalmente o bebê dorme antes do casal e aí, sim, coloca-se no berço ou no colchonete ou seja lá onde for, caso contrário o bebê cai, é óbvio. A cama compartilhada é para ser feita com segurança. E aí nesse momento em que o bebê não está na cama, a própria cama, o sofá, a pia, o chão e tudo mais está livre, minha gente! Mas eu acho que não: acho que esse pessoal que critica cama compartilhada, mesmo antes de ter filhos, acordava todas as noites para praticar o kama sutra ou sexo tântrico, daqueles bem demorados, durante a madrugada, depois de ter dormido. Imagino quão difícil deve ser para um ninfomaníaco ter filhos! Como nem eu nem meu marido éramos assim, hora de dormir é hora de dormir e nem dormir de conchinha eu sou muito chegada, fico no grupo que resolve essa parte antes de dormir mesmo. Ou depois de acordar. Ou durante o dia quando o bebê dorme em outro lugar que não a cama, em segurança. E seguimos felizes com a cama compartilhada.

Claro que essa parte do texto é caricatural e irônica. Tudo para dizer que concordo mesmo é que o bebê e os pais estejam felizes e em cada casa isso acontece de um jeito. Bom mesmo é entender isso pra não correr o risco de se tornar uma MEGE.

Mamãe Musa gosta de abraços e conchinhas... acordada. Só se estiver acordada. rs

*A Attachment Parenting International é uma organização sem fins lucrativos, fundada em 1994, com o objetivo de dar suporte a todos os pais a criar vínculos seguros com seus filhos, por toda a vida. A longo prazo, o objetivo é fazer com que o mundo tenha mais compaixão. (Via: Paizinho, Vírgula!)
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