100% curado!!! =D

Ainda lembro do dia que o quarto pediatra em que eu levei o Matheus (atual, inclusive) falou: "Huuuum, isso está com toda cara de alergia à proteína do leite da vaca. Como não sou especialista, vou te pedir para procurar um gastopediatra. Enquanto isso, comece a fazer uma dieta excludente de leite e todos os derivados enquanto amamenta." Aquilo não caiu bem. Apesar de não ser um problema grave, todo mundo quer o filho 100% saudável e sem nenhuma restrição. Fomos à gastopediatra que praticamente bateu o martelo: é aplv. Explicou tudo nos mínimos detalhes e me orientou a continuar com a dieta, já que o resultado só apareceria a partir de 20 dias. Por o meu organismo não ser alérgico, o leite demorava a sair do meu organismo. Não era como algo estragado ou um veneno, que teria reação imediata do meu corpo visando a expulsá-lo. O leite, que para mim era algo comum, só agia como um "veneno" para meu neném. Veio a dieta, o complemento do cálcio, mas nem tudo deu certo. Eu seguia amamentando, vieram os 25 dias seguintes, e o Matheus não melhorava completamente. O choro ainda continuava, o cocô mole a cada mamada continuava. Restringimos ainda mais a dieta. Além do leite, eu passei a também não comer ovo, carne vermelha, frutos do mar, amendoim, gelatina nem nada com corante. Também não comia nada na rua, pois caldo knorr tem proteína análoga à leite, a chapa usada para grelhar o meu frango podia estar suja de manteiga, por exemplo, o óleo que os restaurantes usavam provavelmente era o de soja... Antes mesmo de vermos resultado e já tomando suplemento alimentar, comecei a ficar fraca. Vivia cansada e sonolenta, porque além de tudo, as dores e cólicas não deixavam meu bebê dormir à noite. Veio a estafa, o primeiro desmaio. Minha mãe apavorada dizendo para eu tentar alternativa, que eu não podia comer tão pouco e que meu filho precisava de mim. Eu sem querer deixar de amamentar e para isso precisava seguir com a dieta. Mas como seguir com a dieta naquelas condições? Rezei, pedi orientação a Deus, desabafei com as amigas. Não sabia o que fazer. Não queria deixar a amamentação. Hoje, eu sei que fui tomada por um egoísmo, pois eu já não conseguia estar completa para o meu filho na amamentação e nem fora dela, pela fraqueza que sentia. Decidi ficar só com o leite especial e me privar do prazer que era amamentar, antes que fosse tarde, antes que ele sofresse mais e já pedisse o mamá. Lembro o dia que abri a primeira lata de Neocate, com lágrimas nos olhos... o cheiro era horrível e parecia de água sanitária. Como eu faria meu neném beber aquilo? Apesar de saber que o paladar dele era virgem, que ele não sentiria tanto quanto eu, eu não deixava de pensar que estava sendo cruel. Sentia-me impotente, fracassada, sentia que eu não tinha conseguido só com o meu leite sustentar e dar o conforto que meu filho precisava. Sofri muito, mas decidi que aquele momento não era hora de lamento, mas de ação. Eu esperava que com o tempo aquela sensação passaria e ficaria o sentimento de dever cumprido. 

Fui ao posto de saúde conseguir vaga no programa que fornecia gratuitamente o leite especial (Neocate), que custava 170 reais. Nessa época, Matheus ainda usava 10 latas por mês. Graças a Deus, consegui rápido uma consulta (no mês seguinte) com ajuda de uma amiga de amiga que trabalhava em outro posto de saúde mas me ajudou a agilizar o processo, e da gastropediatra que, coincidentemente, trabalha no hospital Jesus e continuou a atendê-lo lá, o que me dispensava de ir ao consultório e pagar a consulta particular, já que ela não atendia meu plano. Lembro um dia que eu vinha com uma grande caixa com as latas de leite nos braços e quando saímos do hospital, minha mãe comentou: "O que fazemos pelos filhos, né? É tão estranho ver essa cena... Você que sempre foi minha princesa e eu vi arrumadinha, estava ali com o cabelo meio enrolado no alto da cabeça, meio desgrenhado, carregando aquela caixa pesada, com uma roupa qualquer, toda largada... nunca antes tinha precisado de hospital público e agora enfrenta filas e passa quase o dia inteiro para garantir o que seu filho precisa." Eu, que não tinha pensado nisso, não podia discordar. Modéstia à parte, eu tinha mesmo virado uma leoa e crescido para satisfazer o que meu filho precisava naquele momento. 

Fiz o tratamento certinho, o tempo passou, fomos mudando o leite e aos poucos introduzindo a proteína do leite, depois introduzimos o açúcar do leite (a lactose), vieram os derivados, a manteiga, o pão de cachorro quente, o iogurte!!! Ah, mas que alegria senti ao ver meu filho tomando iogurte pela primeira vez... ele batia os bracinhos de felicidade pedindo mais! Eu que sempre disse que só ofereceria açúcar depois dos 2 anos, joguei essa regra pro alto! Eu tinha motivos para querer que ele comesse, eu tinha motivos para querer ver pra crer e acreditar que aquilo era real! Meu filho podia comer de tudo, gente! Que alegria!!! E na última consulta veio o leite... começamos com 30, 60, 90 ml, e assim sucessivamente, de leite integral, misturados ao leite sem lactose, o que já estava tomando. A nutricionista tinha orientado: se sentir um chorinho, um desconforto, uma dorzinha de barriga, fique tranquila. Ele nunca tomou o leite assim e agora o grau de concentração de proteína será total, então pode acontecer. O que eu não quero é diarreia líquida ou vômito. Não vou negar. Nos dias em que ele tomou 30 e 60, os primeiros, aconteceu uma dorzinha sim. Ele bateu as perninhas, procurou meu colo, se contorceu, chorou. Tive medo. Pra mim, sempre é muito difícil conviver com qualquer dorzinha ou desconforto dele, meu bem mais precioso. Mas não houve alteração no cocô, não houve nenhuma maior intercorrência. Então continuamos. E essa semana chegamos à mamadeira completa de leite integral, de pura proteína e lactose. Não sei se alguma mãe que não tenha passado por isso ou situação parecida é capaz de imaginar minha felicidade. Não que isso seja nada grave, sei que existem problemas e restrições infinitamente maiores e seria um abuso eu comparar a esses. Mas saber que meu filho vai à festinha dos amigos e poderá comer bolo, docinhos, poderá ir a casa de um amiguinho em que a mãe sirva pizza e não precise ficar constrangido de negar ou passar vontade de comer é um sonho realizado. Graças a Deus, foi muito antes do que eu imaginava. Com 1 ano e meio, meu filho, que por ter enfrentado todas as dores, cólicas e desconfortos já no início da vida, é um guerreiro, conseguiu. E do jeito que aconteceu até hoje, eu estarei aqui para te ajudar no que precisar por toda a vida, meu amor. Juntos somos muito melhores.

Agradeço em especial a meus pais, avós mais que atenciosos, amorosos, incansáveis e com inúmeras qualidades que eu não seria capaz de descrever , que sempre me deram todo apoio físico, emocional e estrutural de que precisei, nos bastidores, sem cobrar nada em troca (ok, cobrar a presença do neném em troca rs), todas as vezes que foram ao hospital ou posto de saúde comigo, todo o cuidado único e exclusivo que sempre tiveram com o meu filho perdendo dias inteiros e deixando compromissos; ao Rafael, por sempre ter me encorajado a seguir minha intuição e acreditado nas minhas desconfianças sobre as cólicas fortíssimas, por ter concordado com as minhas decisões nesse sentido sem questionar nada, por ouvir meus choros e desabafos inúmeras vezes diante da impotência sobre o que fazer com aquele pequenininho que tanto sofria, por perder muitas vezes a esposa, que naquele momento tinha virado só mãe; à amiga Carla Procopio, que me orientou sobre o PRODIAPE, me consolou dizendo que ia passar naquele momento em que havia um turbilhão de preocupações em cima de mim, me dando força pra acreditar na cura rápida como também tinha acontecido com seu filho; às amigas que sempre estiveram ao meu lado acompanhando o assunto, perguntando, se preocupando; a duas pessoas que provavelmente não lerão esse texto, a Márcia, conhecida da Carla, que me ajudou a agilizar o processo no posto de saúde, e à Luciana, amiga da minha amiga Zaira, que nos 3 meses em que faltou o Neocate no Hospital Jesus, me forneceu muitas latas (já que seu trabalho também oferecia) para que eu não precisasse pagar aquele valor caríssimo. Essas últimas pessoas que nem sequer me conhecem pessoalmente, só agiram assim diante da minha súplica e porque têm bom coração. A esses, minha gratidão infinita. Meu filho está curado. Tenho o sentimento de dever cumprido, um dos primeiros dos muitos que virão. Juntos somos melhores e ninguém pode abater. Obrigada, Senhor, por mais essa dádiva em nossas vidas. 

Mamãe Musa já deu até brigadeiro. Mas o neném, saudável que só, recusou. hihihi
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