Quem é mesmo o coitadinho???

Talvez vocês não saibam, mas eu tenho evitado descrever minha rotina além do blog. E aí, vocês podem achar no mínimo estranho eu colocar no blog, público, para todos verem, minha rotina, e evitar falar nos meus grupos de convivência. Explico. É pelo simples motivo de que as pessoas muitas vezes não te entendem, principalmente se elas não estão na vibe filhos pequenos. Muitas vezes quem convive com a Musa, não quer ouvi-la falar de filhos, mas quem procura a Mamãe Musa quer falar e ouvir de filhos, sem hipocrisia, sem máscaras: a maternidade como ela é.

Quem me acompanha sabe da dificuldade do Matheus para tomar remédios. Eu percebo que não é bem uma pirraça porque a seringa chegando de longe já causa ânsia de vômito nele. Isso é uma coisa extremamente difícil de contornar, gente. Porque não se trata de vitamina, trata-se de antibiótico. Eu não posso deixá-lo ir para a creche sem tomar. E não estou nem falando da pontualidade do remédio, que também é importante, mas já aceitei que se tomar por volta daquela hora, estamos no lucro.

Eis que de manhã aconteceu de novo. E eu fiquei nada mais nada menos que 1:40h tentando fazer o Matheus tomar o remédio. Conversei mil coisas, falei que iria para o hospital para ele tomar na veia com agulha se não tomasse pela boca, pedi para ele se concentrar em engolir e não em vomitar, imaginem uma conversa ao longo de todo esse tempo. Isso ainda sem ter tomado banho e cheia de fome sem ter tomado café. Como Rafael que os levaria, eu já tinha me programado para fazer tudo depois que eles saíssem. Eu não contava que ia demorar tanto. A fome foi apertando, a hora passando e o desespero batendo. Eu, que preciso fazer horas no trabalho para compensar os dias que faltei com eles doentes, mais uma vez chegaria super atrasada. É muito ruim tentar dar remédio para uma criança sem perspectiva de ela botar pra dentro, gente. Um hora e quarenta minutos é muita coisa. Quem me conhece sabe que sou bastante paciente e tento me conectar, mas estava difícil. Para piorar, ainda precisei dar mais uma mamadeira à Giovanna nesse meio tempo, porque com o avanço da hora, ela chegaria atrasada à creche para a colação. 

Começou a ficar desesperador. Eu só pensava: Meu Deus do céu, o que que eu faço com esse menino? O que eu vou fazer para ele entender que não pode vomitar ao tomar o remédio? Eu já tinha tentado de boa, eu já tinha tentado à força, e tudo causava vômito. Desisti e fui "dar uma volta na casa". Nisso mandei mensagem que chegaria atrasada ao trabalho e voltei para uma nova tentativa. Ao fim, para resumir essa lenga lenga que já tinha dado o que tinha de dar, ele tomou o remédio da última vez, com a roupa toda vomitada, porque eu disse que se ele não tomasse eu não o trocaria. Mesmo assim ainda cuspiu umas vezes antes. O remédio indo embora em uma dose só. Gente, QUE STRESS. Foi phoda.

E aí, né, a gente tem de dizer que tá tudo bem com a gente se alguém pergunta. Porque se você conta essa história, a reação natural é alguém se compadecer da criança e responder um sonoro "tadinho", o que me causa um certo incômodo. Eu não nego que ele é coitadinho. Não nego que ele esteve doente, sentindo dor nas amígdalas. Não nego que aquele remédio estava difícil de ser tomado (mesmo eu tendo experimentado e ele não sendo tão ruim assim), para causar todo aquele vômito. Não nego que se bobear ele estava querendo era me prender em casa do lado dele porque enquanto eu estou tentando dar o remédio, ele tem certeza da minha presença, já que não posso sair para trabalhar. Estão vendo como tento me conectar? Mas, cara, depois, ele iria para a escola, iria brincar e melhorar, muito provavelmente. E eu? Aliás, eu não. E qualquer mãe que passa por isso? 

Tadinha de você que passou noites monitorando febre e está exausta.
Tadinha de você que adia sua hora de tomar banho, de comer e, muitas vezes, tem as refeições entrecortadas, para primeiro atender a seu filho, que precisa de você naquele momento.
Tadinha de você que tem de limpar vômito pelo corpo (seu e do filho), pela casa, pelas roupas, dar banho de novo e ter todo um retrabalho com o qual você não contava.
Tadinha de você que precisa gastar seu dinheiro suado em outro frasco de remédio (caro, por sinal), porque aquele não vai dar. Foram muitas doses perdidas em vômito.
Tadinha de você que já tem vergonha de chegar ao trabalho e ir se justificar para o seu chefe.
Tadinha de você que, por não ter ninguém para cuidar do seu filho, precisa chegar atrasada ou faltar no dia que ele não pode ir à escola, correndo o risco de perder seu emprego, já que, por causa das suas demandas pessoais, você não está interessante no momento para suprir as necessidades da empresa.
E principalmente, tadinha de você que passa por todo esse stress. Porque o resto passa, mas o stress eu não sei. Parece que se acumula e vai ficando. Com o detalhe que às vezes ainda aparece alguém para nos chamar de neuróticas.

Eu sei, eu mesma já falei, que tudo isso só acontece porque temos filhos. E amamos ter filhos. E eles compensam, sim, com muitas coisas que vocês sabem, não preciso descrever. Não é mais que nossa obrigação cuidar deles, afinal, eles não pediram para vir ao mundo. E é muito gostoso às vezes. Tal como é muito penoso às vezes. E somos humanas. 

É comum apenas nos preocuparmos em cuidar da dor física. A dor física (claro que não estamos tratando de dores crônicas) passa. A dor psicológica é mais difícil de passar. E nesse caso eu falo da dor do stress. Falei que não sei se passa, mas a gente sabe que passa. Só que enquanto não passa dói. E cansa. E exaure. 

Por isso, quando seu filho sofre, eu o acho coitadinho, sim. Mas principalmente, para mim, a pobrezinha é você. Para seu filho, já tem um monte de colo disponível. Para você, se não nenhum, poucos. Por isso, eu lhe digo que estamos juntas. E que, quando você precisar, vem cá que meu ombro, meu ouvido, meu colo, são todos seus. <3

2 comentários:

  1. Você escreve o que toda mãe precisa ouvir. As vezes me pegava pensando se eu podia me dar ao luxo de ter dó de mim mesma por ficar exausta quando minha filha está doente, e agora vejo que posso sim kkkkk fora o nosso sofrimento de os ver com dor e não poder fazer nada (além de dar os remédios) pra que aquilo passe. Acredito que todas nós além de medir febre, dar remédio no horário (ou tentar), acompanhando e torcendo pela melhora, nos desdobrando em mil pra distrair e conseguir pelo menos 1 minuto de riso ao invés de 6 horas de choro seguida!

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  2. ahhh amada....
    passei muito por isso e chegou um ponto que pedia injeção pro médico, já falava pra nem vir com esse trem ruim q o moleque não ia beber.
    menos estresse pra ele, menos pra mim, sara rapidim... Meu filho hoje tem 7 anos. Estou esperando o segundo, pra final de outubro.
    Cheguei no seu blog atraves de idéias para o ché de bebe...

    Vou vir mais vezes...
    bjo

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Fico feliz quando você comenta!

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