Sobre "ter disposição"

Já que não tá dando tempo de sair vídeo, vamos escrever mesmo. Quando faço os posts lá na academia, exibindo minhas roupitchas patrocinadas hahaha, sempre tem alguma leitora que fala "Queria ter essa disposição". Então eu pergunto: O que falta para isso? Querer é poder!

Falando sério, dizem que a ação tem de ser repetida por 28 dias seguidos para virar um hábito... No caso da academia, isso não funcionou para mim, visto que não vou malhar no fim de semana, então a motivação tem de ser diária mesmo. Eu penso o seguinte: Se eu fosse obrigada a levantar para trabalhar ou, mesmo sem trabalhar, ganhar dinheiro, eu não iria? Então preciso ir para ganhar saúde, fazer algo para meu corpo não travar, afinal, a gente já não se movimenta mais como na época das nossas avós. O mundo tá mais parado e comodista, então, a gente PRECISA se exercitar.

Eu entendo que tem muita gente que tem falta de logística, não acho que as desculpas sejam incoerentes. Eu, por exemplo, conto com a ajuda do maridón, que malha em casa e fica com as crianças quando eventualmente elas acordam antes de eu voltar, mas vocês acham que é fácil? Tem aquelas noites que são todas picotadas, aquelas manhãs frias em que tudo que eu queria era ficar na cama debaixo da colcha (porque eu prefiro colcha a edredom, super pertinente essa informação hahaha), mas se eu não fizer por mim, ninguém vai fazer. Eu inclusive gosto mais de outros esportes, mas, pelo horário em que malho, de 6 às 7h, só dá para fazer musculação. Se é o seu caso, tente também! Até porque, ainda que você pratique algo mais prazeroso para você, provavelmente, com a idade chegando, precisará sucumbir a musculação, já que, para realizar outros esportes, é preciso fortalecer os músculos para não ferrar a coluna e ligamentos. É fácil? Não. Não é prazeroso sair da zona de conforto. 

Para vocês terem ideia, eu tive de passar um tempo na casa dos meus pais para fazer obra no banheiro de casa e, por eles morarem longe de mim (e da academia, que é a poucos metros da minha casa), fiquei mais de um mês sem malhar. Que dificuldaaaaade para voltar. Vocês nem imaginam. Foi ficando pra segunda-feira seguinte, pra outra... mas precisei parar e inserir novamente a atividade física na minha rotina, pois me traz bem estar e qualidade de vida, principalmente pensando a longo prazo. Então, impus a mim mesma retomar a disciplina e voltei com força total. Eu não me considero fitness porque não tenho bem uma meta e minha disciplina não é completamente rígida; é interrompida, por exemplo, por doença dos filhos. Eu fico com medo de deixar os dois com o marido e eles acordarem ao mesmo tempo e o que está doente demandar uma atenção especial e eu não estar em casa, sabem? Mas acho que só falto mesmo por saúde, por sono não me permito! Claro que existem as situações em que a gente fica até tonta de tanto sono, mas tudo tem a ver com o acumulado por doencinhas ou por uma situação que fugiu ao nosso controle... Mas amiga, se estiver tudo ok aí na sua casa, em condições normais de temperatura e pressão, vamos juntas! Convido você a junto comigo encontrar disposição do âmago e se exercitar. Claro que se o bebê é muito pequeno ou se você não tem com quem deixar, é esperar a fase passar mesmo, sem neuras, mas sempre com essa meta, não se acomodar. Digo de novo, se você não fizer por você mesma, ninguém vai fazer. 

 “Viver é como andar de bicicleta: É preciso estar em constante movimento para manter o equilíbrio.” (Albert Einstein)

Vamos juntas? =)

Eu te amo E a resposta é "não"

Oi, minhas muuuusas! Vocês sabem que eu durmo pouco porque leio, leio, leio. Então, de vez em quando eu vou dividir com vocês um pouco do que tenho lido e achado interessante. Dessa vez, o tema é Disciplina Positiva. A Disciplina Positiva é uma espécie de orientação para formar jovens respeitosos e responsáveis. No site www.positivediscipline.com, eu encontrei cinco características da Disciplina Positiva para mostrar aqui:

- Ajuda as crianças a terem uma sensação de conexão;
- É mutuamente respeitoso e encorajador (para pais e filhos);
- É eficaz a longo prazo (Considera que a criança está pensando, sentindo, aprendendo, decidindo sobre si mesma e seu mundo e o que fazer no futuro para sobreviver ou prosperar),
- Ensina importantes habilidades sociais e de vida (Respeito, preocupação com os outros, resolução de problemas e cooperação, bem como as habilidades necessárias para contribuir para a casa, escola ou comunidade maior);
- Convida as crianças a descobrir como elas são capazes (Incentiva o uso construtivo de poder pessoal e de autonomia).

Esse texto em especial me chamou atenção pelo título "Eu te amo e a resposta é não" porque é difícil dizer não aos nossos filhos, né? Mas preciso. Então, como sempre, espelhei-me no texto e resolvi traduzir com adaptações que julguei necessárias.

A Disciplina Positiva ensinou a importância de ser tanto bondoso quanto firme em nossas relações com os filhos. A bondade é importante, a fim de mostrar respeito com a criança. Firmeza é importante, a fim de mostrar respeito por nós mesmos e para as necessidades da situação. Métodos autoritários geralmente carecem de bondade. Em métodos permissivos, falta firmeza. Bondade e firmeza são essenciais para a Disciplina Positiva.

Muitos pais e professores lutam com este conceito, por muitas razões. Uma delas é que muitas vezes eles não sabem como ser bondosos quando uma criança os tira do sério. A Disciplina Positiva pergunta: Se os adultos querem que as crianças controlem seu comportamento, é pedir demais que os adultos aprendam a controlar seu próprio comportamento? Muitas vezes, são os adultos que devem levar algum tempo até que possam se sentir melhor para que eles possam fazer melhor. Vamos combinar que, tendo filhos, o auto-controle é uma necessidade quase tão vital quanto respirar. rs

Outra razão pela qual os adultos têm dificuldade em ser bondosos e firmes ao mesmo tempo é que eles não sabem quão bondosos e firmes devem parecer. Eles podem ser presos no ciclo vicioso de serem muito firmes quando se descontrolam porque eles não sabem mais o que fazer; e, em seguida, serem muito bondosos para compensar terem sido muito firmes.

Um dos maiores erros que alguns pais e professores fazem quando eles decidem praticar a Disciplina Positiva é torná-la muito permissiva porque não querem ser punitivos. Alguns erroneamente acreditam que estão sendo bondosos quando agradam seus filhos, ou quando o protegem de toda decepção. Isso não é ser gentil, é ser permissivo. Ser gentil significa ser respeitoso com a criança e consigo mesmo. Não é respeitoso mimar as crianças. Não é respeitoso resgatá-las de cada decepção para que não tenham a oportunidade de desenvolverem os seus "calos" na vida. É respeitoso validar seus sentimentos: "Eu sei que você está decepcionado (ou com raiva ou chateado, etc.)". É respeitoso acreditar que as crianças podem sobreviver a decepções e desenvolver um senso de capacidade quando acontece.

Uma ótima maneira de aplicar esse princípio da bondade e firmeza é usar a frase Eu amo você, e a resposta é não. 


20 razões pelas quais meu filho por volta de 2 anos teve um péssimo dia

Oi, minhas muuusas! Esse texto não é meu, mas poderia muito ser, mais precisamente ano passado, quando o Matheus tinha 2 anos. Muitas ainda servem para hoje, com 3, na verdade. hahahaha. A autora se chama Meredith e escreve no blog http://www.perfectionpending.net/. O texto é traduzido e adaptado livremente por mim (de acordo com minha realidade). Divirtam-se!

Outro dia, meu filho de dois anos disse, com um ar malicioso em seus olhos, "Mamãe, eu tive um dia muito difícil."

Então perguntei: "Como é que é??? Você acabou de dizer que teve um dia difícil!?" Ele sorriu um sorriso tímido e respondeu: "Sim".

Eu não sabia se eu ficava horrorizada com a informação, se ria de sua fofura em dizer esse tipo de coisa tão precocemente ou se ficava preocupada de estar mimando demais e já o fazendo pensar que a vida é muito dura, do alto dos seus dois anos de idade.

Em vez disso, eu  pensei comigo mesma: "É verdade. Faz todo sentido a vida estar difícil para meu filho hoje." Afinal de contas, eu poderia pensar em várias razões que na cabeça dele o faziam pensar que tinha tido um péssimo dia:

1. Ele teve de sair da cama às nove horas depois de dormir tarde pra caramba, mesmo eu dando todas as condições e preparado uma rotina para que ele pudesse dormir antes.

2. Eu não o deixei comer gelatina no café da manhã.

3. Eu limitei a chupeta apenas à hora do sono.

4. Eu tirei o pijama dele para vestir uma roupa e a roupa não era a que ele escolheu.

5. Ele foi forçado a beber no copo amarelo no almoço em vez do azul.

6. Eu não o deixei espirrar uma garrafa inteira d'água no chão. 

7. Eu não o deixei ficar saltando em cima da cama quase caindo no chão. 

8. Eu não o deixei ficar enrolando as cortinas em volta de seu pescoço.

9. Eu não o deixei brincar com uma faca.

10. Basicamente, eu impedi suas várias tentativas de tirar a própria vida.

11. Eu troquei a fralda quando ele estava fedorento.

12. Fiz-lhe usar chinelos ou meias quando o chão estava frio e ele estava tossindo sem parar.

13. Eu o prendi em sua cadeirinha no carro.

14. Eu o cobri de maneira, para ele, errada na hora da soneca.

15. Eu não o encorajei a ficar acordado à tarde brincando enquanto ele claramente estava enjoado de sono.

16. Eu o obriguei a comer macarrão com um pouco de salsa e cebolinha (chamados "verdinhos") no jantar, tornando-o obviamente não comestível.

17. Eu disse a ele para não bater na sua irmã na cabeça com qualquer objeto que estava em sua mão. (Repita 10 vezes)

18. Eu segurei a mão dele para descer alguns degraus.

19. Eu tentei realmente escovar os dentes dele, em vez de deixá-lo sugar a escova durante 10 minutos.

20. Eu disse a ele para ficar quieto e ir dormir.

Depois de pensar um pouco, percebi que a vida realmente tinha sido muito difícil para ele naquele dia. Espero que nos próximos dias eu possa viver de acordo com suas expectativas . =D

(Sempre bom lembrar que é um texto irônico)

Você se identificou, amigaaaammmm? rsrsrs

Minha experiência no puerpério (ou tristeza e melancolia do pós-parto)

Oi minhas muuuuusas! Uma querida seguidora, que nem é mãe ainda, mas que enfrentou o fantasma da depressão pós-parto com a irmã, me pediu para escrever sobre isso. Então lá vou eu falar daquele jeito que gosto de fazer: contando minha experiência. Mas antes, vejam se vocês se reconhecem nessa situação:

"O neném nasceu perfeito, com boa saúde, o pai está feliz, os avós também. Nada aconteceu de errado, a mãe volta com o bebezinho para casa, onde tudo foi preparado para recebê-lo, mas é invadida por uma espécie de melancolia que não sabe explicar. Se esse sentimento for passageiro e desaparecer em alguns dias, não há motivo para preocupação. Seu organismo passou por verdadeiras revoluções hormonais nos últimos tempos que podem ter mexido com o sistema nervoso central. A tristeza pós-parto é quase fisiológica. 50% a 80% das mulheres apresentam certa tristeza, certa disforia e irritabilidade que têm início em geral no terceiro dia depois do parto,  dura uma semana, dez, quinze dias no máximo, e desaparece espontaneamente. Já a depressão pós-parto começa algumas semanas depois do nascimento da criança e deixa a mulher incapacitada, com dificuldade de realizar as tarefas do dia a dia. (Retirada do site do Dr. Dráuzio Varella, só para dar uma introdução e estabelecer a diferença entre baby blues e depressão pós-parto).

Todas vocês sabem que meus filhos são os amores da minha vida. E sempre foi assim desde que eles nasceram. Assim também é pra você, pra outra e pra aquela lá que é mãe. Todas as mães com vocação para a maternidade têm verdadeira paixão e adoração pelos filhos, por isso, no início da vida dos pequenos é comum que estejamos completamente envolvidas por um sentimento exclusivo de amor, certo? Errado. 

Quem não sentiu, pode não entender, porque o sentimento é o maior amor do mundo, aquele incondicional, mas também solidão, culpa e impotência. Acho que de todas as situações pelas quais passamos na vida essa talvez seja a mais contraditória de todas. Como pode tanto amor e como às vezes precisamos nos controlar pra... não isolar nosso maior objeto de amor na parede?!? Claro que estou exagerando (sempre bom deixar claro) e não estou fazendo nenhuma apologia a esse ato. Estou querendo dizer que se você cometeu é uma criminosa (acho que provavelmente não aconteceu com quem está lendo), mas se você só teve vontade (acho que provavelmente aconteceu com quem está lendo), você é apenas humana.

No momento que meu papel principal passou de filha à mãe, fui acometida por uma grande cobrança sobre se eu conseguiria cuidar bem, se iria dar conta, se seria uma boa mãe para o meu filho. Toda mãe quer ser a melhor mãe para seu filho. Depois que fui mãe, fico muito mais feliz se você disser que sou uma excelente mãe do que se comparar minha beleza à da miss universo ou minha gostosura à de uma dançarina do Faustão. Acho que com a maioria das mães acontece isso também. Chame de vagabunda, mas não critique como mãe! Além disso, eu sentia muita culpa por sentir aquilo, eu me achava egoísta, me sentia cansada, achava que eu precisava estar o tempo todo disponível para meu filho. Ele tinha sido tão desejado! Eu não podia assumir nem para mim mesma o que estava sentindo, que dirá para os outros. Mas por que essa cobrança? Será que seremos piores mães se confessarmos nossos medos, inseguranças e dificuldade de lidar com os problemas dos nossos filhos? Hoje, sem todos os hormônios do puerpério envolvidos, acho que não. Por isso, sinto-me bastante à vontade para me expor e escrever.

Eu até hoje não sei se tive depressão pós-parto. Sei que a tristeza durou bem mais de um mês, mas ao mesmo tempo não me incapacitou de fazer as atividades, como está escrito na descrição do médico acima. A gente sabe que para fechar um diagnóstico é preciso uma avaliação baseada em muitos critérios mais. Também nem acho que valha a pena descobrir isso agora, a essa altura do campeonato, porque já passou, mas a verdade é que, depois que o meu filho nasceu, eu chorei muito e por muito tempo. Chorava muito junto com ele e enquanto ele dormia, eu só conseguia pensar em dormir ou às vezes nem conseguia dormir chorando. Odiava receber telefonemas ou visitas, estava sempre muito indisposta. Nunca tratei ninguém mal pois conseguia entender que a intenção das pessoas era a melhor, mas por dentro eu estava totalmente insatisfeita. Vivia de pijama porque não conseguia nem me trocar. Matheus dormia mal, muito mal, eu não era capaz de acordar antes dele para tomar um banho com calma, por exemplo. Ele picotava a noite com intervalos menores que de hora em hora. Ia pegar no sono quase uma, duas da manhã e sempre, sempre lutava contra o sono, ficava muito irritado. 

Lembro que Fofuchinho chegou na época da novela das empreguetes (Cheias de Charme) e quando começava aquela novela, para mim era sinal da noite chegando e das cólicas e melancolia que eu estava por enfrentar. Eu não via a hora daquilo passar, me sentia exausta, me sentia um trapo, não me sentia eu. Primeiro eu não fazia ideia do que ele tinha, os médicos diziam que cólicas eram normais até três meses. Mas aquele choro não era normal. Ele ficou uma noite de 19h às 11h do dia seguinte sem dormir! Isso mesmo, um recém-nascido 15h direto acordado. Só no colo e com intervalos de soneca entrecortadas por muito choro. E o pediatra fofinho me respondendo na mensagem que Luftal adiantaria. Eu podia dar um vidro inteiro de Simeticona que não fazia o menor efeito. Foi uma luta. 

Corri muitos pediatras e só parei no que topou investigar comigo o que podia ser e não subestimou as cólicas que eu relatava. Foi então que descobri que ele tinha alergia à proteína do leite da vaca (APLV). Essas cólicas, causadas pela alergia, eram o que o faziam chorar tanto. Ele se contorcia todo, ficava vermelhinho de tanto forçar cada vez que fazia cocô. Mesmo saindo em diarreia, era como se fosse uma senhora prisão de ventre. A dor o fazia se contorcer todo. Ele chorava muito, eu chorava junto. Foi um sofrimento. 

No início, quando eles ainda nem sorriem, a gente se satisfaz só de dar de mamar ou colocar o dedo na mãozinha e sentir aquele reflexo fechando para segurar nosso dedo. Isso que me dava força. Olhar meu filho, tão meu. Mas a APLV atrapalhou muito do prazer que eu poderia sentir. Eu amamentava exclusivamente, tinha leite de jorrar longe, então não imaginava que os derivados do leite que eu comia (porque leite mesmo eu nem bebia) passavam através do leite materno fazendo meu fofuchinho chorar dia e noite. É até difícil lembrar disso. Escrever esse texto e lembrar desses momentos estão me trazendo lágrimas aos olhos. Como foi difícil! Sempre que chorava, eu o embalava cantando e chorando junto. Ele se acalmava muito com a música "Amor I love you", da Marisa Monte ou "Como é grande o meu amor por você", do Roberto Carlos, mas, tadinho, tinha dias que sofria tanto que nada conseguia fazer parar de chorar. E eu, por minha vez, acompanhando aquele sofrimento e sem ver uma luz no fim do túnel, me sentia péssima e impotente. 

Além disso, apesar de graças a Deus ter conseguido amamentar, eu tive alguns episódios muito dolorosos de mastite. Febre alta, dor no corpo e um terror para amamentar. Como ele chorava muito pelas cólicas, eu amamentava em livre demanda. O peito acalmava e peito ele tinha. Para vocês terem uma ideia, teve um dia em que ele passou uma tarde inteira no peito. A TV estava na Globo e eu amamentei da hora do Vídeo show até a hora de Malhação, passando pelo Vale a pena ver de novo e o filme, sem levantar, sem fazer xixi, só dando o peito porque era o que o acalmava

Por causa disso, eu tive vontade de me isolar. Eu não queria ver ninguém, saí do facebook sob alegação de que estava sem tempo e era mentira. Claro que o tempo era curto, mas a verdade principal é que eu não queria dar oportunidade de me perguntarem como estava o meu neném. O que eu ia responder? "Tadinho, só chora, não consegue nem dormir de tanta dor e eu não faço ideia do que seja, porque claramente ele chora muito mais que o normal." Devo confessar que me preocupavam os julgamentos. Que espécie de mãe seria eu que não conseguia atender ao meu filho? Eu evitava até sair no início da licença porque a qualquer hora poderia começar uma crise de choro. Fora as golfadas. Os refluxos, que só passaram aos 6 meses, eram tão intensos, como vômitos em jato, que eu precisava levar roupa extra para ele e para mim. Tudo isso me paralisava. Pausa para o humor agora: Para vocês terem ideia, quem sabe dessas histórias, e vizinhos que escutavam os constantes choros, não puderam acreditar quando eu disse que a gravidez da Giovanna foi planejada. "Você é doida! Eu achava que você não ia engravidar nunca mais, ainda mais tão rápido!" Mal eles sabiam que eu resolvi foi justamente emendar a fase insone de uma vez. hahahaha. :P

Mas voltando, costumo dizer que uma mãe de um bebê que dorme não consegue conversar com uma mãe de um bebê que não dorme. Uma mãe com um bebê que não tenha nenhum dos problemas gastrointestinais de recém-nascido (cólica, gases ou refluxo) não consegue ter dimensão do que é sofrer com isso. Por isso não devemos apontar o dedo ou julgar uma mãe sobre um problema que não vivemos e, pra falar a verdade, nem mesmo que tenhamos vivido: cada um recebe o problema de uma forma. Só o dono da dor sabe o quanto e como dói. 

Graças a Deus, estou aqui para dizer que passou! (musiquinha da vitória) Vivo uma luta diária e um corre corre com meus filhos, me sinto triste às vezes por não ter tempo, como desabafo vez ou outra no blog, mas nada comparado ao puerpério. Quando fico triste é questão de horas e de uma madrugada para dividir um dia do outro e eu me sentir melhor. É uma felicidade muito grande acompanhar as descobertas, criá-los e educá-los. É recompensador sentir o amor deles de volta. Só para não desestimular quem ainda não é mãe, né? Depois do que falei aqui... PODE VIR FAZER PARTE DO GRUPO DAS MULHERES MAIS FELIZES DO MUNDO, AMIGA! Vem que isso passa! E A FELICIDADE DE SER MÃE SE ESTENDE POR TODA SUA VIDA.

Para terminar, digo que tem história da licença da Giovanna também, mas aí já tem outro filho envolvido e merece um post separado. O foco do texto de hoje foi falar abertamente contando o que vivi para que outras mães saibam que essa tristeza e impotência pode acontecer com grande parte das mães. E atinge mais ainda se você se depara com algum problema ou mazela que te tira de órbita, seja como foi o meu caso com a APLV, seja qualquer outro de saúde, sejam as cólicas normais de recém-nascido ou até mesmo família que atrapalha com muitos palpites, por exemplo.

O texto ficaria maior do que já está se eu citasse as várias situações que me encheram de dúvidas, culpas e medos de não ser a mãe que meu bebê precisava que eu fosse. E com qualquer uma pode acontecer: uma mãe que tentou normal e teve de reverter para cesárea, uma mãe que já queria cesárea e teve problema na anestesia. Uma mãe que queria muito amamentar e não conseguiu... São tantas expectativas que criamos na espera do filho, seja o primeiro, o segundo, o enésimo. Não queremos e nem imaginamos que nada vá dar errado. E deve ser assim mesmo, não devemos sofrer por antecipação. Aproveitar a gestação é o melhor que podemos fazer. Mas saber o que pode acontecer depois é importante para que você não se sinta sozinha, caso aconteça com você. 

Estatisticamente o baby blues, que não chega a ser depressão, mas essa tristeza e melancolia pós-parto, acontece com 60 a 80% das mulheres, ou seja, a grande verdade é que é mais provável que aconteça do que não aconteça. Se acontecer, lembre-se de que você não é uma pessoa pior por isso. Os hormônios ajudam também nesses sentimentos. Você está enfrentando uma fase de mudanças e adaptações que vai passar. Se não acontecer, ótimo! Curta seu bebê e as maravilhas da maternidade. Se você já é mãe e tiver oportunidade de conversar sobre isso, converse e prepare uma mulher que ainda não é mãe para o lado B, já que não é comum falarem sobre isso. Não é para agourar ou falar de forma estúpida ou assustadora, MUITO MENOS AGIR COMO UM VAMPIRO DE ENERGIA! É para falar, caso haja abertura nesse assunto, como forma de um pré-consolo, no sentido "se acontecer, você não está sozinha". Mostre-se disponível se ela precisar nesse período. É o melhor presente que você pode dar. É nessa fase, onde o bebê recebe todos os mimos e a ex-grávida parece não ter a menor importância para as pessoas, onde ela mais precisa ter atenção.

Espero que esse texto ajude as mães a verem que a imperfeição começa desde o puerpério, mas o que importa é ser uma imperfeição com amor. Sempre tenha isso em mente: o que seu filho vai notar é seu amor.  Sinta-se sempre abraçada por mim.

Com amor,

Musa.

Clube das Mães Imperfeitas

Bem-vinda ao Clube das Mães Imperfeitas. O Clube é para as mães normais como eu que estão cansadas de toda a competição e atitudes de julgamento que vêm de quem não é membro. Tome nota das seguintes regras antes de decidir se associar:

1. Não seja organizada. Não arrume a sua casa antes de outras mães chegarem. Se sua casa é perfeita, você está fora do clube. Se você espera que nossas casas estejam arrumadas antes de você chegar, você está fora também.

2. Trate seus encontros como reuniões. Ao almoçar, tomar um café ou ir a um happy hour com outras mães, não diga às pessoas que você está indo almoçar, tomar um café ou uma bebidinha. Não, você está tendo uma importante reunião. Afinal, você PRECISA dessas reuniões para não surtar. Se você não consegue porque é muito honesta e perfeita pra isso, você está fora do clube.

3. Não critique aos filhos de outra mãe. Eu não me importo se outra mãe está falando mal do seu próprio filho, mas não participe. Ela tem o direito como mãe de criticar a criança. Você não. Basta acenar com a cabeça, dizer a ela que é assim mesmo, que ela é o melhor que pode ser e está fazendo um grande trabalho. Depois, dê um abraço nela e coloque a próxima rodada de suco ou cerveja na mesa.

4. Não exagere nas celebrações das datas comemorativas. Dia dos Namorados? Dia da Bandeira? Dia do índio? Eles não são verdadeiramente feriados. Tudo bem você celebrá-los de forma leve, mas pelo amor do Clube das Mães Imperfeitas, pare de decorar sua casa inteira e fazer alimentos e artesanato conforme a data. Ou se fizer, não mostre, a menos que solicitado. Isso torna a vida das mães sem habilidade manual muito difícil. E aí você terá um pouco de perfeita e precisará ser expulsa. rsrsrs.

5. Não seja voluntária em tudo. Não há problema em fazer a sua parte (e você deve). Mas não seja aquela mãe que consegue fazer absolutamente tudo. Outras mães vão ficar ressentidas e, além disso, você não terá tempo suficiente para as "reuniões".

6. Faça as unhas. Não é APENAS fazer as unhas. A gente sabe o poder que a gente sente quando as unhas estão feitas. Então, é um investimento no seu bem-estar! Chame de dia de aprimoramento, treinamento ou desenvolvimento profissional, senão quem tá de fora não vai entender, mas faça! (Gente, no exato momento em que escrevo o texto, tô digitando com as unhas sem fazer e que nervosoooo).

7. Atualize suas companheiras associadas nas experiências sobre assuntos difíceis. Você acabou de falar com seus filhos sobre sexo? Revelou o segredo por trás do Papai Noel e da Fada dos Dentes? Diga às outras mães qual foi a reação do seu filho e ajude prepará-las quando chegar a vez do filho dela. Claro que tudo isso estamos tratando no caso de encontrar boa recepção da outra parte. Muitas vezes, a mãe do filho que ainda está desfraldando, não quer ouvir sobre a experiência de receber a namorada pra dormir em casa. rsrsrsrs

8. Não nos inclua nas obrigações ligadas à sua maternidade. Claro, nós vamos tomar conta do filho uma da outra de vez em quando, mas não nos convidem pro recital do seu filho, evento esportivo, dança, torneio de xadrez, concurso de ortografia, etc. Isso aí cabe a você, amiga imperfeita. A gente já tem os eventos dos nossos. (Claro que tem aquele sobrinho ou afilhado com quem a gente vai adorar ir, mas no geral...)

9. Não faça nenhum julgamento ou dê conselhos que não sejam solicitados. Você tem opiniões fortes sobre mamadeira vs. amamentação? Quando e como desfraldar? Cama compartilhada? Trabalhar ou não fora? Parto? Mantenha-as para si mesma. Todas nós fazemos o que podemos fazer na luta e correria diária que é a maternidade. A menos que alguém peça especificamente seu conselho, aquele que te dá licença pro pitaco, melhor manter a boca fechada.

10. Não faça outros membros se sentirem mal. Se você fizer qualquer uma dessas coisas numa frequência grande, é melhor não mencioná-la na nossa frente e muito menos de nossos cônjuges: sexo, incluindo o oral, refeições caseiras, organização da casa, ou qualquer coisa claramente doméstica. Sério, guarde para você, amiga imperfeita. Não vá causar mal estar à toa.

E então? Você acha que pode lidar com isso? O início vai ser duro, difícil, e a pressão das mães perfeitinhas (aham!) para que você quebre as regras vai ser intensa. Mas persista! Nós vamos adorar ter você no clube das mães imperfeitas! hahahaha

Adaptado de http://www.foxywinepocket.com/2014/08/14/10-rules-of-mom-club/
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