Relato do parto

Surpreendentemente, consegui dormir bem e a noite inteira do dia 24 para o dia mais esperado da minha vida, 25 de maio de 2012. Acordei, fui ao salão fazer escova, pois queria receber bem bonita o meu filho: "a primeira impressão é a que fica" (rs). As unhas eu já tinha feito no dia anterior. No salão já começou a festa, todos estavam me parabenizando e compartilhando minha felicidade. Voltei para casa e chequei as malas pela última vez, inclusive minha bolsinha de maquiagem, hohoho. Saímos de casa (eu, minha mãe e Rafael) por volta de meio dia e o Rafael filmou os últimos momentos da casa sem o neném. Na filmagem, ele dizia: "Olha, Matheus, como era a casa antes de você chegar." Cheguei à maternidade e enquanto aguardava a liberação do meu quarto, fui ao banheiro. Encontrei uma senhora que perguntou para quando era meu neném. Respondi cheia de felicidade: "Hoje!" Esses detalhes podem parecer supérfluos, mas não deixarei de contá-los porque todos fazem parte do grande dia de felicidade em que eu me tornaria mãe. Tenho um grupo de amigas que estava acompanhando tudo por mensagens no celular. Na maternidade, a internet não estava funcionando. Saí um pouquinho para conseguir falar com elas. Falei e voltei para a recepção. Aliás, nesse dia, recebi muitíssimas mensagens e ligações e esses gestos de tantos amigos encheram ainda mais meu dia de alegria. Recebi minha pulseirinha de paciente da maternidade. Esperei mais um pouquinho e subi para o quarto 506. Nunca mais vou esquecer aquelas horas em que eu esperei. Só ficava imaginando que em muito pouco tempo eu me tornaria mãe. Não liguei a televisão nem nada, só fiquei ali em sintonia com a minha família. Meu irmão chegou no quarto cedo, só trabalhou meio expediente e mais tarde chegou meu pai. Em seguida chegou minha amiga Fernanda para registrar os momentos seguintes com sua super câmera. A essa altura já eram umas 18h e o parto seria às 19 ou 20h. A noite foi caindo e pela primeira vez fui sentindo um nervosinho...

Lembro de um abraço que a Nanda me deu fazendo ooowwwnnn quando eu disse que estava nervosa e apreensiva. Minha obstetra chegou perguntando se eu queria ser a primeira já que ela teria o meu parto e outro. Eu não sabia se respondia que sim ou que não. Estava ansiosa para tê-lo mas com aquele friozinho na barriga. Não deu muito tempo de pensar. Fui ao berçário junto com a Nanda para ela conhecer e vi vários bebezinhos. Fiquei bem emocionada. Aliás, o berçário é um dos lugares mais emocionantes onde já estive, se não o mais. O meu neném estaria ali dentro de muito pouco tempo. O frio na barriga foi aumentando. No elevador, encontrei o maqueiro que perguntou se meu parto seria naquele dia. Respondi que sim e ele disparou: 506? Daqui a pouco "tô lá". A ficha caiu. Voltei para o quarto, fiz umas fotos imitando o making off, tirei fotos com minha família. Fiz uma oração a Deus e li a oração a Nossa Senhora do Parto que minha amiga Tati tinha enviado para mim junto com a santinha que já passou por várias amigas e que hoje está aqui em casa esperando o parto dela, que também está grávida, esperando o Gabriel. Feitas as orações, coloquei o avental e esperei o maqueiro que rapidamente chegou. Abracei toda a minha família pensando que me despedia do papel principal de filha e voltaria com o de mãe. O de filha já seria coadjuvante. No caminho do corredor, com Rafael acompanhando e Nanda fotografando, encontrei outra amiga, a Helena, saindo do elevador. Ela apertou forte minha mão e chorou desejando as bênçãos de Deus sobre nós. 

Chegamos à porta do centro cirúrgico e tivemos uma decepção. A enfermeira chefe não deixou a Nanda entrar para as fotos alegando que só uma equipe credenciada pelo hospital poderia fazer isso. Eu fiquei meio sem reação e já me levaram para o parto. Nesse momento tendi a ficar meio tristinha, pelas fotos que eu não teria e pela própria Nanda que tanto desejava fotografar o parto. Aqui cabe um parênteses: a Nanda é uma apaixonada por partos. No momento em que me encaminhavam para a sala de parto, pensei: Não posso me permitir ficar triste, vou receber nos braços o meu filho! E realmente eu acho que uma situação dessas em qualquer outro dia me deixaria profundamente chateada, mas nada me abalaria naquele 25 de maio de 2012. Aqui cabe outro parênteses. Eu pensei que eu pudesse dizer que esse dia foi o mais feliz da minha vida, mas não. Desde que o Matheus chegou, eu simplesmente não consigo eleger um dia, porque ele me surpreende a cada dia. Olhar para ele e acompanhar seu desenvolvimento no papel de pessoa principal da sua vida é viver em estado de graça, é tornar todos os dias os mais felizes.

Cheguei à sala de parto e ouvi a Dra. atender a uma ligação da Nanda pedindo pela intercessão dela junto à enfermeira para que a deixasse entrar. Minha obstetra me falou algo do tipo: "Own, meu Deus, sua amiga está em prantos. Vou lá ver se convenço a enfermeira." Ela saiu e nesse momento eu pensei que o Rafael estava demorando muito, mas depois do meu pensamento ele chegou sorrindo. Os médicos deram orientação a ele de como proceder. A Dra. voltou sem conseguir deixar a Nanda entrar. 

O anestesista me aplicou a peridural e eu já não sentia minhas pernas. Aliás, eu me sentia um saco de batatas. A cirurgia começou e os médicos (obstetra, anestesista e pediatra) conversavam sobre uma amiga em comum que tinha se separado. Eu não senti nada, nenhuma dor nem desconforto durante. Só me senti um pouco sufocada porque meu nariz estava completamente obstruído (gripei na semana e fiquei com a voz toda nasal) e o tecido que tapava minha barriga sendo aberta (rs) estava muito perto do meu rosto. Rafael filmava tudo e de vez em quando filmava meu rosto e sorria para mim. Era muito bom senti-lo ali comigo, sempre companheiro, com olhar amoroso e acariciando meus cabelos com uma mão enquanto segurava a filmadora com a outra. 

Como Matheus estava sentado, o bumbum saiu antes da cabeça, mas os médicos disseram: "Está nascendo!" Só nessa hora eu senti os ossos do Matheus passando em mim com força, o anestesista ajudava posicionado por cima da minha cabeça para que ele pudesse sair completamente. Olhei para o Rafael e perguntei: "Nasceu???" Ele também respondeu que estava nascendo. Só que imediatamente depois escutei o choro alto e desesperado que foi música para meus ouvidos. Aí começou toda a mágica de ser mãe. Mas eu ainda não estava satisfeita: queria meu filho no meu colo, ali comigo. Só que o papai babão quis cortar o cordão umbilical, o que meio que atrasou o processo de chegada do meu filhote ao meu colo. Eu ouvia a pediatra falando que ele precisava de um banho, porque ele nasceu e fez cocô logo depois, hihihi. Aqueles minutinhos em que ele não chegava demoraram uma eternidade. Mas eis que enfim chegou o momento mais emocionante de tudo que já vivi. Sim, porque eu não sei se isso acontece com todas as mães, eu imagino que sim, mas parece que tudo que você viveu até então só te preparou para ser mãe. É como se nada mais fizesse sentido além da maternidade que você acabou de adquirir. E o Matheus veio até mim. Chegou chorando e apavorado, batendo os bracinhos e pernas de um jeito totalmente descoordenado, como que pedindo proteção. E num passe de mágica, ao chegar no meu colo, ele se acalmou, parou de chorar, desfranziu o rostinho e fechou os olhinhos de um modo que eu não conseguia parar de olhar para ele (E olhem que ele nem cruzou o olhar comigo, isso aconteceu pela primeira vez na primeira mamada). Se eu chorei? O que aconteceu nesse momento? O que eu falei? Eu não sei. Ou melhor, não sabia. Ainda bem que o Rafael estava lá para me dizer que sim, que eu chorei de emoção, que fiquei repetindo com voz chorosa: "A mamãe te ama muito, meu filho, você não imagina como a mamãe te ama. Como você é lindo!" Fui acordada daquele transe que parecia um sonho mas era a minha nova realidade pela pediatra que pedia a câmera para tirar a foto de nós 3. O Rafael parou de filmar e a foto se fez. E esse clique deixou registrado o momento em que eu tive o meu maior sonho realizado: o sonho de ser mãe, de aumentar minha família ao lado do marido que tanto amo e do filho que me escolheu para concebê-lo em meu ventre. Obrigada por me deixar ser sua mãe, Matheus! Obrigada por toda a felicidade que você traz diariamente para a minha vida. Porque ser mãe é estar mais próxima de Deus, é ter seu coração pleno, é sentir todo seu amor personificado. Ser mãe, muito mais do que padecer, é viver num paraíso sem fim. 



"Aonde cresci
Do que já vivi
Não me lembro de nada na vida
Que mais se pareça com amor
Como lembro de ti..."

Dona Musa agora é mãe! Mamãe Musa. :)

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