Fala, Matheus! (e outras preguicinhas)

A ansiedade da mãe deve impedir o neném de falar, né? Porque, poxa
vida, eu torcia pro neném falar mamã, ele já falou depois de fazer 1
ano, ficou uma semana, duas, sei lá, e... parou! Agora não fala mais
nada. Aí vocês imaginem essa que vos fala, tagarela que só, sem ouvir
uma palavrinha formada. É muita preguiça pra um só neném. Falando de
preguiça, a outra curiosidade do Tetheus é queeee... esse bebê não
segura a mamadeira. Sim, é isso mesmo! Ele não segura a mamadeira. Ele
segura e não levanta. Quando eu levanto pra ele, ele larga a partir do
momento que eu seguro pra mostrar! E ficamos assim em loop. Como faz,
Brasil, pra esse neném ter interesse em pegar a mamadeira?
Considerando que a mamadeira já é na hora de dormir e ele já está
enjoadinho dando sinais de sono, não dá pra simplesmente dar as costas
e falar: "ou você pega ou fica com fome". Não dá. Ele não quis usar o
copinho de transição, não pegou de jeito nenhum, não entendia, se
molhava, engasgava, dava um tapa e jogava longe. Então em casa comecei
a oferecer um copo comum mesmo, mas como é vidro, eu seguro (já
providenciei um da avent de plástico que está chegando pra mim mês que
vem pra ver se ele segura). Nas saídas, a água ainda é na mamadeira
mesmo porque o copo faz uma certa lambança. Além disso, durante a
refeição, não se interessa em pegar a colher. Isso na comida dele.
Quando eu estou comendo, ele quer brincar com o meu garfo como se
fosse outro brinquedo. Já o incentivei a dar na minha boca pra ver se
ele se familiariza com a atividade e tenta ele mesmo comer, ele mesmo
pegar... engraçado é que nem tudo é assim. Pão mesmo (francês, o único
que ele pode comer por enquanto por conta da aplv), ele quer comer
pegando, quer que dê um pedaço a ele e ele segura. Então qual a lógica
desse neném? Não entendo. Olhem que eu chego em casa e estimulo sem
parar. Chego muitas vezes em horários aleatórios e vejo a babá
brincando e o incentivando a realizar diversas atividades. Em relação
a brincadeiras, interação e energia ele está 100%. Já está andando
tudo com pilha duracell que dura, dura, dura... Até julho ele dava os
passinhos como uma brincadeira. Em agosto ele trocou o engatinhar pelo
andar como a principal forma de locomoção, além de levantar do chão
direto igual a um sapinho (antes precisava de um apoio: pessoa,
parede, sofá, ...). Agora também já corre. Sobre as outras interações,
ele não presta atenção em livrinhos ainda, por exemplo. Eu converso
demaaaais com ele, mostro figuras, repito palavrinhas, como bem
ensinam os manuais, artigos e entendidos pro bebê dar sinal de fala. E
segundo as estatísticas, até 18 meses, 75% das crianças já falam pelo
menos mama, papa e algumas duas outras palavras como "não", "cabô",
"água" (ou sons parecidos). Mas Matheus ainda não tem em seu
vocabulário palavrinhas formadas. Sim, porque ele fala coisas do tipo
"liu iu iu, ui ui ui, aô aô, aaa aaa aaa aaa... continua sonorizando.
Mas quando quer pedir algo, por exemplo, é resmungando normalmente
"uuuhhhnnn" e sem formar as sílabas, ao menos de forma capenga. Como
ele sempre, sempre, tipo desde os 3 meses "conversava", interagia com
sonzinhos, eu tinha absoluta certeza de que ele ia falar rápido. E
depois fuen, fuen, fuen, fuen, fuen...
Até a técnica de não ficar ansiosa eu tentei usar de 1 ano até agora.
Mas se passaram 3 meses, né, é demais pro meu autocontrole. Tento não
passar isso pra ele, guardo comigo (apesar de saber pelas minhas
leituras de Laura Gutman que ele sente minha ansiedade e não adianta
nada). Eu sei que uma hora ou outra vai acontecer mas eu não imaginava
ter de esperar justo a fala, que tanto me é importante. rsrsrs.
Alguma dica pra uma mãe conversadeira?

Mamãe Musa faz até ioga. Mas vibrar o ohn nesse caso não funciona.

(Post enviado por email, por isso a possível falta de configuração específica)

Palavras de uma mãe de bebê pélvico

Tenho andado bem ocupada. Matheus está lindo, maravilhoso, andando que é uma beleza. Essa semana foi crucial na aquisição de sua firmeza para andar e ele despontou. Já nos puxa pela mão e quer conquistar o mundo, o que toma bastante do meu tempo e merece todo destaque em post especial. Vocês percebem pela ausência de posts, e pela baixa atualização da minha página que há muito tempo evito fazer qualquer coisa quando ele está acordado tamanha a saudade que sinto no trabalho e procuro estar de corpo e alma interagindo nas brincadeiras dele. Aí vocês podem perguntar: E enquanto ele dorme? Não poderia passar um tempinho no blog? Então vou contar pra vocês. Tenho andado reflexiva há algum tempo. E por causa disso me recolhi para pensar, para me encontrar em questões que para mim antes não importavam. A verdade é que a Musa que existia antes do Matheus nascer já não existe mais. Existe uma Musa que depois de leituras de livros, relatos e de uma enxurrada de informação se sente um pouco indignada. Existe uma Musa que passou pela culpa por não ter se informado, mas depois se conformou por saber que a culpa não foi tão sua, mas da profissional em que confiou o nascimento do seu filho. E quando passou esse momento da culpa por não ter buscado informação, por ter sido levada a reproduzir o que frequentemente acontece num sistema em que médicos mentem que fazem parto normal, resolvi escrever minha experiência antes e depois de ser gestante de um bebê pélvico. Explico: tive endometriose antes do Matheus. Por saber que se tratava de uma doença que causa infertilidade, mesmo tendo retirado os focos (que graças a Deus não  comprometeram nenhum órgão) numa videolaparoscopia, pouco me importava o parto ou a forma de nascer. Importava pra mim se eu seria mãe. Eu tinha uma preocupação muito maior do que o momento do parto em si e não o idealizava. Eu sabia que tinha nascido para a maternidade, eu tinha paixão pela ideia de cuidar e educar outra pessoa para o bem. Por isso, morria de medo de ter expectativas frustradas e tudo o que eu queria era saber que podia ser mãe e ter o meu filho nos braços. Dessa forma, negligenciei todo tipo de informação externa que não as orientações dadas pela minha obstetra à época.

Na ultra morfológica foi a primeira vez que percebi que o Matheus estava sentado e ele permaneceu assim até nascer. Eu sabia por uma amiga muito próxima estudiosa de partos que eu poderia fazer manobras, exercícios e afins. Mas como peitar uma médica experiente que me sugeria que "esse tipo de coisa era arriscado"? Que me afirmava com veemência que era impossível o meu bebê ainda virar naquela altura do campeonato (consulta de 35 semanas), que se eu precisava ter uma cesárea que deveria ser logo, para eu não entrar em trabalho de parto e, para coroar o terror disfarçado de conselho, contou-me a tragédia que havia acontecido com um colega que tinha "perdido" a paciente no parto normal havia duas semanas (hoje vejo que essa história deve ser uma mentira contada a todas as pacientes por volta de 37 semanas). Em nenhum momento me foi dada a opção de esperar até 40 semanas para ver se o bebê virava e ficava cefálico. Hoje vejo que isto tudo fazia parte da conveniência dela, assim como a conveniência de mudar o hospital 2 semanas antes de ele nascer, porque o plano da outra paciente com parto no mesmo dia que eu não cobria o primeiro hospital. Não que isso me importasse mas preciso mostrar evidências de todo um planejamento que levava em conta a rotina dela e não a chegada do bebê. Quando ela me falou: "Ah, que bom assim, né, mesmo você querendo tentar o parto normal, o bebê já escolheu por você. Hoje a cesárea é tão segura,  rapidinha, muito melhor do que se você 'parasse' no parto normal, né, sentir dor, ficar com medo, demorar todo aquele tempo pra nascer..." E o pior: Eu, inocente e ignorantemente, repetia para as pessoas próximas: "ele escolheu, bom que não precisei escolher (em tom de brincadeira), então não vai poder ser parto normal..." Hoje sei que o tom de brincadeira era o mecanismo de defesa psicológica que eu estava usando para lidar com aquele fato. E a programação neurolinguística está aí pra mostrar que a minha obstetra que eu enxergava como confiável, a despeito de não ter feito uma violência física, porque entre as cesarianas, a minha foi muito bem sucedida, fez, sim, uma violência psicológica, me fazendo acreditar que quem estava escolhendo era o bebê, quando na verdade, quem escolheu o momento foi ela.

Entendam, de forma nenhuma condeno a cesariana em casos de bebê pélvico, em outras indicações reais ou quando a mãe escolhe e se sente mais segura assim. Mas citando meu caso, até os médicos humanizados concordam que a questão do pélvico é complicada e deve ser analisada com atenção. Só que hoje vejo que meu bebê estar pélvico foi a desculpa que minha obstetra precisava para me fazer acreditar muito antes das 40 semanas que "obviamente" meu único caminho seria a cesárea. Não posso ser hipócrita e dizer que tenho certeza de que escolheria um parto natural se meu bebê chegasse ao trabalho de parto sentado, afinal não existe consenso nem entre os ativistas e simpatizantes desse tipo de parto em caso de bebê pélvico. Mas eu queria ter sido incentivada a fazer exercícios e afins para tentar fazê-lo ficar cefálico. Eu queria ter certeza de que ele tivesse estado no meu ventre talvez até o tempo de virar, o que nunca saberei se aconteceria. Eu queria muitas coisas que não pude pelo terror psicológico relacionado à posição do meu neném causado pela médica que me acompanharia no parto. E já que isso eu queria e não pude, mas consciente do meu maternar, muita coisa hoje eu quero.

Não estou dizendo aqui que considero o momento do nascimento do Matheus traumático. Pelo menos pra mim não, muito pelo contrário. O momento do nascimento dele foi muito lindo e emocionante e reitero tudo que escrevi em meu relato exposto aqui o blog. Considero-me uma boa mãe para meu filho, uma criança linda, saudável e me sinto muito abençoada e agraciada por isso. Não me considero melhor ou pior do que nenhuma mãe. Só me considero hoje mais consciente e segura do que quero para mim. Quero ser a melhor mãe que o meu filho pode ter. Quero que seja obediente, mas questionador. Que busque informação porque informação é poder. Que vá com calma e não seja ansioso e passivo como sua mãe era à época da gestação, mas que sim, seja parecido com a mãe que ele tem hoje, com a mãe da forma que ele já conheceu e que surgiu no momento do seu nascimento: leoa, poderosa, consciente. Quero que ele seja tão feliz como me sinto em cada sorriso dele, em cada descoberta que ele faz, em cada momento que ele me dá os bracinhos pedindo colo. Agradeço por ele não fazer distinção entre a hora que ele nasceu ou poderia ter nascido, não me "cobrar" não ter vindo para o meu colo imediatamente na saída da barriga nem ter mamado na primeira hora de vida, pois retribui com carinho todo o meu cuidado desde que chegou aos meus braços definitivamente. Agradeço por me fazer sentir o seu amor em cada gesto, agradeço por ter me  escolhido, me tornado mãe e me deixado conhecer esse amor que cresce a cada dia. ♥

Esse texto é dedicado:
ao meu filho Matheus pelos motivos já citados no parágrafo acima; 
ao meu marido Rafael que sempre me deu apoio e liberdade de escolha em todos os aspectos desde a minha gestação; 
à minha mãe que cuidou de mim não só desde o nascimento como nos dias posteriores à cesárea  em que o corte ainda doía; 
a ela de novo e ao meu pai, por estarem sempre disponíveis para mim e a nova família que formei;
à minha amiga Fernanda por ter sido a primeira pessoa que me fez pensar sobre esse assunto e que segurou minha mão, no sentido literal e figurado, durante toda a gestação, no dia do nascimento e até hoje...

...e não menos importantes nesse processo, dedico essas palavras a amigas mais experientes nesse tema, que me ajudam constantemente seja por meio de relatos, respondendo dúvidas, ajudando-me com informações, numa conversa saudável, sem julgamentos e, principalmente, cercando-me de carinho afirmando a certeza de que, apesar de não ter questionado o momento do nascimento antes do meu filho nascer, sou para ele a melhor mãe que ele pode ter. Obrigada.

Mamãe Musa torce para que a frase "querer é poder" se materialize também na forma de nascer.

A regra de ouro na maternidade

Desde a minha gravidez, quando tive obra, faculdade, mudança, trabalho, tudo misturado, nunca tive muito tempo de escrever no blog. Quando sobra tempo, acabo me dedicando mais às leituras que à escrita, que me exige tempo e inspiração. Procuro registrar as fases, descobertas e conquistas do Matheus em fotos e vídeos (quando ele deixa, pois vê meu celular ou câmera e fica doido querendo pegar) para não perder o que não está registrado pela escrita. Nas minhas leituras e estudos sobre maternidade/maternagem, sempre querendo me aperfeiçoar na delícia de ser mãe, se é que é possível, encontro textos que são verdadeiros primores da psicologia maternal. Por isso e também para não deixar o blog morrer, na esperança de que um dia eu consiga postar com mais regularidade rs, vou compartilhando por aqui um pouco do que leio e gosto. O texto abaixo é uma aplicação na maternidade do que sempre tentei fazer na vida, o famoso bordão "faça com os outros o que gostaria que fizessem com você." O texto é caricatural e os exemplos meio toscos, inclusive questiono um pouco a parte do "arcar com as consequências". Acho que é preciso corrigir, sim (com amor, claro) e orientar que de uma próxima vez a criança seja mais responsável. Enfim, a despeito dessa pequena discordância, o importante é a mensagem principal. Espero que gostem. :)

por Jan Hunt, Psicóloga diretora do "The Natural Child Project"

"Trate os outros do modo como você mesmo gostaria de ser tratado"

Desde a Antiguidade a Regra de Ouro tem sido uma ótima referência moral. Pensadores gregos e judeus, Confúcio, Jesus e outros professores de Ética ensinaram esse princípio, chamado "de ouro" para indicar sua posição privilegiada como regra fundamental da vida. Haveria um ensinamento melhor para aplicarmos em nosso dia-a-dia de pais? Uma variante da Regra de Ouro que se aplica a essa situação é: "Trate seu filho como você gostaria de ser tratado se estivesse na mesma situação".
Seria esclarecedor aplicar essa "Regra de Ouro dos Pais" a alguns métodos comuns de disciplina, supondo-se que um casal estivesse "na mesma situação" em que essa disciplina costuma ser aplicada às crianças.
1. Castigo físico
Sem querer a esposa derruba café no paletó novo do marido. Ele bate nela.
Será que a esposa vai ter mais cuidado com as coisas dele no futuro? Ou será que ela vai dar queixa por agressão?
2. Ficar de castigo
O marido começa a discutir com um amigo que está de visita. A esposa fala: "Não fica bem discutir com seu amigo! Não vou aceitar isso! Vá já para o quarto e fique meia hora sentado lá !"
Será que o marido vai aprender a discutir menos? Será que a vergonha da situação vai colocá-lo na linha? Será que ele vai ter vontade de se desculpar com o amigo?
3. Arcar com as conseqüências
A mulher sai de carro, esquece de encher o tanque e a gasolina acaba. Ela telefona para o marido pedindo que ele vá com seu carro até o posto e lhe traga a gasolina. Ele se recusa, explicando que ela precisa aprender a arcar com as conseqüências de seus atos e a ser mais responsável.
A próxima vez que a gasolina estiver acabando, será que a esposa vai lembrar de encher o tanque? Ou será que vai estar ocupada demais com fantasias de divórcio para pensar em coisas de menor importância como a manutenção do carro?
4. Contar até 3
A esposa lembra o marido, que está lendo o jornal depois do jantar, que é a sua vez de lavar os pratos. Ele murmura um "HumHum" e continua lendo. A mulher diz com firmeza: "lave os pratos já! Vou contar até 3: 1-2..."
Será que assim o marido vai ter vontade de colaborar com sua esposa? Ou ele vai concluir que se casou com uma louca? E ele vai se sentir minimamente querido?
Todos esses métodos de disciplina parecem ridículos, vistos por esse ângulo. A razão disso é que nossa sociedade determinou que crianças e adultos reagem de acordo com princípios diversos de comportamento. Esse  engano é perigoso. A verdade é que as crianças, como os adultos, têm mais disposição para colaborar com quem os trata com gentileza, respeito, compreensão e dignidade. O único "método" que faz sentido em um relacionamento humano, seja com uma criança ou com um adulto - é o amor incondicional.
Em nossa sociedade, temos feito a pergunta errada. Perguntamos "quais são as regras que funcionam com as crianças, quais são as que funcionam com os adultos?" Felizmente, a realidade é bem mais simples: todos os seres humanos comportam-se tão bem quanto são tratados. A idade não faz  diferença.
O melhor que os pais podem fazer para ajudar seus filhos a se tornarem adultos amorosos e responsáveis é lembrar a Regra de Ouro dos Pais: "Trate seus filhos do modo como você gostaria de ser tratado se estivesse na mesma situação". É uma regra simples, direta e eficiente. E não precisamos perder tempo pensando qual a idade da pessoa antes de aplicar a regra. Ela serve para todas as idades.

Mamãe Musa acaba de lembrar que esqueceu de postar sobre o dia dos pais... atrasado, serve?

MEGS - Mãe que Eu Gostaria de Socar

Encontrei esse texto nas minhas andanças pelo maravilhoso mundo da internet e achei sensacional. Traduzi livremente e espero que gostem. Por uma vida com menos julgamentos em todos os sentidos, principalmente na maternidade, que é um assunto tão delicado. Chama de vagabunda mas não chama de má mãe! hehehe 

"Logo depois que eu tive meu bebê, eu descobri que a maternidade é uma irmandade. Outras mulheres queriam saber se eu tinha um menino ou uma menina , quantos anos ela tinha, e qual era o nome dela.

Mas não demorei muito a perceber que se escondia na maternidade-irmandade um estranho ser que eu chamei de MEGS.

Você já deve ter ouvido falar na MILF - Mother I´d Like to Fuck (em português, Mãe que Eu Gostaria de f$#%@). Bem, a MEGS é um tipo da mesma espécie, com a diferença que são Mães que Eu Gostaria de Socar.

Eu descobri minha primeira MEGS quando eu contei a outra mãe sobre minha peridural seguida de uma cesárea de emergência. 'Sinto muito por ouvir isso, eu não usei nenhum remédio ou anestesia...', ela respondeu orgulhosa. Uma semana depois eu estava dando de mamar à minha filha em um café e ouvi uma mulher dizer para sua amiga: 'Aquele bebê é muito novinho para tomar mamadeira, você não acha?' Depois ainda outra mãe me perguntou se eu não tinha vergonha de a minha filha estar tão gordinha. Ela também questionou se eu não achava que minha filha estava uns dois meses atrás dos outros bebês da sua idade em relação ao desenvolvimento.

As MEGS estão em todo lugar. Elas são as mães que insistes que a maternidade é 100% alegria, que nunca se sentem sozinha, sobrecarregadas ou de saco cheio,  e que todas as intermináveis noites sem dormir ninando um bebê chorando são um privilégio. Se a maternidade é assim tão fácil para elas e seu mundinho cor de rosa ou azul, porque então eu e outras pessoas que eu conheço achamos tão difícil às vezes?

Mas de longe a pior revelação que eu tive em relação a MEGS é o fato de que sou uma delas. Eu posso me transformar em uma Mãe que Eu Gostaria de Socar a qualquer momento.

No supermercado outro dia, eu vi uma criança fazendo uma birra horrível. A pobre mãe estava transtornada e parecia prestes a cair em prantos. Ela pegou um pacote de pirulitos e deu um na mão do seu filho para tentar calá-lo. E imediatamente eu a julguei. Pensei em todas as teorias de disciplina e recompensar uma birra com pirulitos não é recomendável em nenhuma delas.

Como ouso julgar a pobre mulher? Eu não tinha ideia de qual era sua situação. E eu sabia por experiência própria que em alguns dias as mães só querem sobreviver, apesar das suas melhores intenções. Por que então nós fazemos isto? 

Em seu livro sobre competitividade feminina, Catfight, Leora Tanenbaum escreve que quando as mulheres se tornam mães toda sua identidade se torna uma extensão da identidade de seus filhos.
Mulheres são definidas pelas suas características como mães de uma forma que os homens não são. A auto-estima da mãe é baseada em quão bonito, quão inteligente e quão bem comportado é o filho dela comparado com as outras crianças. Se você tem um bom filho, por extensão, você é uma boa mãe, que é sinônimo de ser uma boa pessoa. Mas se seu filho é chorão, então, não importa as conquistas prévias em sua vida, você é considerada um fracasso.

Se nós, mães, pudéssemos tirar a pressão de nós mesmas e aceitarmos que estamos fazendo o melhor que podemos, muitas vezes em circunstâncias difíceis, talvez seríamos um pouco menos inseguras e julgaríamos menos as outras mães. E talvez a irmandade das mães pudesse dar um tapinha nas costas em vez de apunhalar pelas costas."

Kassey Edwards
Fonte: http://m.dailylife.com.au/life-and-love/parenting-and-families/mils-mothers-id-like-to-slap-20120913-25uip.html

Agora quero saber uma coisa... A gente acaba sempre tendendo a se colocar mais de vítima que assumir nossos erros. Mas como prezamos a irmandade na maternidade, não vamos apontar o dedo. vamos fazer diferente. Em vez de me contar se você já se sentiu julgada, conte-me o contrário... você já se pegou julgando? Me conta. =)

Semana Mundial do Aleitamento Materno

Aos 11 dias


Na semana mundial de aleitamento materno (1 a 7 de agosto), resolvi tirar a poeira do blog contando minha experiência com amamentação. Amamentar para mim foi muito bom enquanto durou. Eu amava amamentar e descobri isso depois de fazê-lo; mesmo assim, meu caso foi atípico e a amamentação não pôde durar muito, infelizmente.

Digo que descobri depois de fazê-lo porque nunca criei muitas expectativas em torno da amamentação, como forma de me poupar. Tenho uma amiga que não conseguiu amamentar e demorou meses a tocar no assunto, os familiares chegaram a pensar que ela estava deprimindo, enfim, ela ficou muito mal por não ter conseguido, de tanto que queria. Hoje, graças a Deus, isso não é um trauma, ela está muito feliz com seu filho lindo e saudável, mas à época foi triste. Então, para não sofrer mais, desencanei disso. Não posso me colocar na situação de quem não conseguiu amamentar para saber o quão dolorido é, porque depois que vi como era bom, fiquei chateada por ter precisado parar cedo. Não que seja um trauma, mas me dá uma certa saudade, sim.

Como já contei no blog, Matheus sofreu muito no início da vida com muitas cólicas sem eu ainda saber que ele era alérgico à proteína do leite. E por estar exclusivamente com leite materno, foi difícil os médicos acreditarem que fosse alergia, mesmo eu procurando vários e relatando as cólicas. Eu ainda não sabia que por ingerir derivados do leite (não bebo leite), a proteína passava pelo leite materno e isso causava as cólicas horrorosas e frequentes do meu filho. Eu amamentava em livre demanda e passava muito e muito tempo com ele no peito. Sempre que ele chorava, meu peito o acalmava, então, mesmo tendo passado apenas 15 minutos da última mamada, eu dava de mamar  para o acalentar novamente. Eu tinha empedramento com frequência e aos 3 meses dele tive uma mastite. Hoje acho que isso pode ter sido causado pela superestimulação porque os seios eram realmente demandados mais do que a média (ainda sendo em livre demanda) pela quantidade de vezes que eu oferecia o peito para acalmá-lo. E ele chorava muito de cólicas, tadinho. Para cessar a dor de dutos entupidos eu tomava anti-inflamatório e para curar a mastite tomei antibiótico. Nessa mesma época, procurei o Instituto Fernandes Figueira, onde uma enfermeira muito atenciosa desempedrou meu seio cuidadosamente, o que levou 2 dias seguidos (3 horas de um dia e 2 de outro), porque chegou em um estágio em que em casa eu não estava conseguindo nem com a bomba.

Mas não foi isso que me fez parar. Meu leite desceu quando o Matheus tinha 4 dias e era bastante, graças a Deus. Ele desde a maternidade tinha a pega certinha então nunca tive rachadura antes da mastite, quando meu bico (do seio direito) chegou a machucar pela primeira vez. À época, cheguei a conversar por email com uma consultora de amamentação (Bianca Balassiano) que nem quis cobrar visitar ou consulta porque tudo que eu relatava indicava que eu e o bebê estávamos fazendo tudo certo. Ela foi super solidária e humana, me enviou alguns arquivos, li para ver se me ajudava mas hoje tenho absoluta certeza que o problema do choro era somente mesmo da alergia, nada tinha a ver com amamentação. Ele estava super gordinho, crescendo bem. Matheus nasceu muito pequenininho (46,5cm e 2,975Kg) e aos 3 meses já tinha passado da média pra idade na curva do pediatra. Diante disso, eu muito me orgulhava de dizer que ele "estava só no peito".  E talvez por isso, por saber que estava fazendo tudo certo e mesmo quando sentia dor eu me sentir tão bem amamentando meu filho, eu tenha insistido tanto até desmaiar. E sim, isso me fez parar. :(

Descobri a alergia e comecei a fazer a dieta de exclusão de leite e derivados. Minha mãe já vinha insistindo para que eu complementasse com a mamadeira de Neocate, por querer me proteger e com medo da minha fraqueza, mas eu queria ser alimento único do meu filho. Comecei a tomar cálcio para repor a possível falta e excluir tudo que tinha leite. Aí comecei a perceber que quase tudo leva leite, uma quantidade incrível de alimentos. Além dos derivados de leite clássicos, alguns alimentos podem conter algo análogo à proteína do leite, como, por exemplo, o caldo Knorr. Isso me fez passar a só comer comida em casa, porque, né, difícil controlar se um restaurante tempera só naturalmente, sem esses pozinhos ricos em sódio e outras substâncias que poderiam ser nocivas ao meu neném. Além disso, eu não podia comprar presunto na padaria porque a máquina também cortava queijo e isso era suficiente para causar a chamada "contaminação cruzada". Também não podia comer um hambúrguer na chapa, porque quem me garantia que por ali não tinha passado uma manteiga ou margarina? Mas nada disso me impedia de seguir em frente com fé que eu conseguiria, continuar, afinal de contas, eu amava amamentar e não queria deixar de jeito nenhum. Só que nem sempre as coisas acontecem como planejamos...

Quem me conhece sabe que tenho tendência a emagrecer. Fui ficando magra, magra, magra, muito mais do que quando engravidei. Fui ficando fraca, fraca, fraca, mesmo repondo com vitaminas. E no dia em que desmaiei, minha mãe me deu um choque de realidade:
- Seu filho precisa de uma mãe saudável. Você quer dar mamadeira e estar do lado do seu filho ou parar de amamentar de vez porque está internada no hospital do jeito que você está fraca?
Muito triste e chorando muito, decidi que introduziria junto com a amamentação o Neocate. Ele nunca tinha tomado mamadeira, nem com o meu leite. Foram 3 dias difíceis para ele se adaptar à mamadeira, pois como já tinha chegado a quase 4 meses sem conhecê-la, ele não queria pegar/aceitar de jeito nenhum. Ele não associava o ato de sugar à mamadeira e chorava quando colocávamos na sua boca. Quando por fim ele aceitou bem o leite, meu coração se acalmou um pouco. E ele foi ficando cada dia melhor com o Neocate, as cólicas foram parando e eu ficando cada vez mais feliz. Apesar de eu querer muito continuar amamentando, não tinha a intenção de ser uma mártir da amamentação, o momento precisava ser prazeroso para mim e para ele. Como eu fui percebendo a aceitação cada vez melhor dele, fui deixando o seio apenas de noite e madrugada e me preparando para parar a dieta (e por conseguinte a amamentação) antes de voltar a trabalhar, quando ficaria mais difícil comer na rua, a menos que eu contratasse uma empregada que cozinhasse para mim, o que não estava nos planos. Não lembro exatamente quando acabou, porque de tudo isso houve algo positivo: graças a Deus, o Matheus não sentiu nem um pouco a falta, o desmame foi muito natural, talvez porque ele ainda era bem novinho. Quando citei essa história com certa tristeza para uma amiga, ela me consolou dizendo que meu boneco já é bastante agarrado comigo e que ele sofreria muito a falta do peito na minha volta ao trabalho. Será? Nunca saberemos. Talvez seja melhor pensar assim para me consolar do fato de hoje eu não amamentar mais, como é recomendado (até os 2 anos).

Escrevendo esse texto, vieram à tona muitas lembranças doloridas que estavam lá no fundo, até já esquecidas. Tão bom foi o tempo que durou a amamentação que quase não recordo do sofrimento da mastite, do desconforto que senti. Enquanto amamentei, consegui viver intensamente uma das interações mais bonitas, se não a mais bonita que existe, a de ter alimentado meu filho, vê-lo crescer e engordar por meio do meu próprio corpo. E o que desejo não só na semana mundial do aleitamento materno, quando pensamos sobre o assunto, mas sempre, é que todas as mães consigam viver bem, sem sofrimentos, a maravilhosa experiência da amamentação. <3


Uma das ultimas fotos que tirei amamentando, no batizado

Mamãe Musa sentiu uma saudade da licença maternidade agora...
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