Por que mesmo eu preciso trabalhar?

Hoje é um daqueles dias que estou com a maior dificuldade de fazer humor. Atualmente, não sou daquelas pessoas que trabalham por opção, mas por precisar da renda. Antes dos filhos, eu não tinha esses dilemas... Talvez um dia eu até sentisse falta de trabalhar, mas não no momento, em que meus filhos são tão pequenos e dependem tanto de mim. No entanto, viver numa cidade cara como está o Rio de Janeiro faz ficar impossível pensar na renda familiar sem depender da minha, preciso muito do meu emprego. Ao mesmo tempo, passam muitas coisas pela minha cabeça, se estou fazendo certo, se deveria fazer isso, em que posso melhorar, como eu posso compensar o tempo em que estou longe... Além disso, eu não tenho um parâmetro bom para avaliar o que se passa na cabeça de uma criança de mãe que trabalha fora (meus filhos, por exemplo), pois fui criada com mãe em casa, sabe? Então, vocês podem imaginar: prazer, meu nome é culpa.

Ontem, na chegada do trabalho e escola, antes mesmo de tirar o uniforme, o Matheus, mais uma vez, perguntou por que eu precisava trabalhar e que achou que eu tinha demorado um pouco. Estou no trabalho pagando as horas pelos dias que faltei em decorrência da gastroenterite da Gigi e acabo chegando à creche mais ou menos meia hora mais tarde do que o habitual. Então expliquei, em termos meio infantis, que meu chefe não me deixou sair mais cedo, mas que eu adoraria estar logo com ele também. Ele respondeu: "Sinto muita saudade quando você me deixa na escola e vai trabalhar, mamãe. Eu queria ficar em casa com você todo dia." Não falou melancólico, não falou com voz de choro; falou sem olhar no meu rosto, enquanto brincava com um carrinho pra lá e pra cá. Mas apesar de não haver melancolia na cena, meu coração ficou melancólico, minha garganta com um nó e minha voz embargada. Dei um abraço, respondi "Eu também, meu filho. Eu também" e não estiquei o assunto para ele não prender a atenção nisso e eu não me sentir pior ainda.

Para piorar, minha noite foi trash, como se eu tivesse 3 filhos. Sr. Fofucho passou mal a noite inteira com o nariz muito entupido e sangrando e a Gigi também não dormiu bem. Nem fui malhar porque quando o relógio despertou, eu estava exausta. E olha que não sou de faltar, mas hoje não deu. Falando em Gigi, eu estava tratando nela uma assadura que tinha ares de cândida e o médico passou uma pomada com corticoide. De manhã, mesmo com o tratamento certinho, a assadura estava pior. Não tinha ferida, mas eu tive medo de evoluir para alguma parte ferida caso eu não estivesse acompanhando de perto e isso envolveria eu ficar com ela em casa. Mas poxa, eu já faltei 20 dias no trabalho esse mês quando ela ficou doente. Como pagar todas essas horas? Ou se não pagar horas e for descontada, pior, como pagar as contas??? Travei um dilema horrível na cabeça e caí no choro. Respirei, arrumamos os dois, deixei-os na escola me sentindo um monstro. Mas eu não podia faltar por uma assadura que não era assim tão grave sem outro sintoma. Ao recomendar à tia do berçário observá-la pelo que estava acontecendo, comecei novamente a chorar, o que a fez se compadecer e me consolar, dizendo para ficar tranquila, que me ligaria a qualquer sinal de maior desconforto dela. Fui para o trabalho pensando em ligar para o pediatra para uma consulta no fim do dia para verificar se precisaria mudar a pomada, até porque corticoide não pode ser usado muitos dias. No caminho, ainda escrevi um meme para não deixar minha página sem post. Cheguei ao trabalho varada de fome, pois estava até então em jejum. Engoli um pão quase sem mastigar e fui para minha mesa. Liguei para o pediatra e consegui um horário. Não deram 20 minutos e o telefone tocou. Número da creche, mini infarto. Coração de mãe não se engana: era sobre a Gigi, com uma febre que até então não tinha aparecido. Desliguei completamente triste, dizendo que iria buscá-la. Liguei para o Rafael, comecei de novo a chorar e ele achou melhor ir buscá-la, pois já tinha deixado a chefe a par e por eu já ter faltado muito dias esse mês para cuidar dela. Olha... não tá fácil não. Porque em dias como hoje, mesmo racionalmente eu sabendo a resposta, de forma inevitável eu emocionalmente volto à pergunta do Matheus: por que mesmo eu preciso trabalhar? Minha filha precisa de mim e eu não estou lá. Graças a Deus, o pai está, mas eu também queria estar. =(

Peço a Deus que me dê força, que a tarde passe bem rápido e, principalmente, que a febre da minha neném não passe de um susto e de uma coisa leve que logo vá embora. Espero que na consulta tenhamos notícias animadoras.

E você que está aí lendo... me abraça? =(

21 comentários:

  1. Olá, não sou boa em consolar, mas sintase abraçada virtualmente! Bjos...
    Larissa Luz

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  2. Sinta - se abraçada! Esse é o dilema das mães que trabalham fora! Logo passa e ela estará boa

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  3. Eu sei da sua culpa. Parei de trabalhar pra ficar com minhas filhas pois ficava com o coração apertado. sinta-se abraçada. Minha mãe trabalhava e eu ficava aos cuidados da minha vó sem a saudade que sentia. Mas tenha fé que tudo dará certo e a Gigi vai ficar boa e a febre vai passar. Bjosss

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  4. megaaaa abraçoooooooooooooo de uma mãe de duas pra vocês!!!

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  5. Um mega abraço de mãe trabalhadora para você! Bjos.

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  6. Amor, estamos juntas, sei bem o que é isso... Sempre falto por conta dos meus pequenos, muito complicado, minha diretora vive me criticando, Aff.
    Sobre a Gigi, verifique com a pediatra se não pode ser alergia alimentar, o meu Pedro teve 3 internações, vômitos e diarréia, pneumonia.
    Estamos juntas, Deus abençoe sua família muita paz à seu coração <3

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    1. Oi, querida, obrigada pelo comentário e bênçãos. Desejo o mesmo a você. A Gigi tem alergia a leite, acho que o caso dela é virose mesmo... e a assadura uma eventualidade. De qualquer forma, vou observar. Muito obrigada! Beijos!

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  7. Amor, estamos juntas, sei bem o que é isso... Sempre falto por conta dos meus pequenos, muito complicado, minha diretora vive me criticando, Aff.
    Sobre a Gigi, verifique com a pediatra se não pode ser alergia alimentar, o meu Pedro teve 3 internações, vômitos e diarréia, pneumonia.
    Estamos juntas, Deus abençoe sua família muita paz à seu coração <3

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  8. Amor, estamos juntas, sei bem o que é isso... Sempre falto por conta dos meus pequenos, muito complicado, minha diretora vive me criticando, Aff.
    Sobre a Gigi, verifique com a pediatra se não pode ser alergia alimentar, o meu Pedro teve 3 internações, vômitos e diarréia, pneumonia.
    Estamos juntas, Deus abençoe sua família muita paz à seu coração <3

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  9. Li chorando!!!
    Com uma baby de 7 meses que fica com a vó e me dá indícios de que acha que ela é a mãe e não eu!
    Me pergunto todos os minutos do dia se é isso mesmo, se vale a pensa, se estou certa ou se devo pedir demissão no próximo minuto! Se as contas não podem esperar ou diminuirmos os gastos, ou, ou, ou... Ai coração doendo!

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  10. Te ofereço um super abraço. Me abraça também? Meu bebê vai completar 4 meses e tenho q voltar a trabalhar. Coração tão apertado. Já me fiz essa pergunta 1 milhão de vzs... ��

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    1. Claro que te abraço! Espero que tudo corra bem na sua volta, dentro do possível. E que seja pouco doloroso para vocês. Beijos.

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  11. Estou para voltar da licença maternidade, que me resultou noites de dormir sei como se sente! E me faço essa pergunta todos os dias...
    Esta aqui o meu abraço solidário ��

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  12. Olá, não sou boa em consolar, mas sintase abraçada virtualmente! Bjos...
    Larissa Luz

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  13. Compartilho da sua angústia!!! Já perdi as contas de quanto já chorei esse mês por conta de estar com os dois filhos doentes e p completar sendo mega criticada por familiares... É tenso...

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Fico feliz quando você comenta!

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