Biscoitinhos amanteigados de goiabinha, estão bem? Continuemos a história que está pela metade. Chegando à consulta na gastropediatra e depois de detalhar todos os sintomas (cocô depois de todas as mamadas - sendo que ele já estava com 3 meses -, muitos gases e principalmente muitas cólicas, além de um refluxo fortíssimo, que também podia ser um sintoma da alergia), ela deu quase como certa a alergia à proteína do leite da vaca e passei a fazer a dieta restritiva de leite e derivados, já que eu só amamentava. A partir do vigésimo dia eu poderia começar a ver efeitos.
Eu amava amamentar e não poderia nem pensar em parar, então faria o que fosse possível para continuar. Eu sempre tive tendência a emagrecer. Nesse período, fiquei muito magra, tanto que até hoje, e olhem que já recuperei um pouco, estou 2 Kg mais magra do que quando engravidei, e já engravidei no baixo peso. Se fosse só isso eu aguentaria. Mas as cólicas não acabaram. Apesar da frequência ter diminuído a partir do 25º dia, ele ainda tinha umas crises de choro dramáticas, de berrar. Eu sem saber o que era. Eu sem saber o que fazer. Eu quase desmaiando de fraqueza com a dieta. Minha mãe quase surtando de preocupação com a filha e com o neto. Enfim, uma confusão só.
Voltei à gastro, expliquei a situação e ela falou que se não estava adiantando, ela teria de restringir ainda mais a minha alimentação: nada de carne vermelha, frutos do mar e ovo, em princípio. E aí iríamos retirando aos poucos tudo que pudesse ser alergênico porque, me explicou ela, qualquer alimento é alergênico em potencial para quem tem alergia alimentar. Lembro que alergias são em sua maioria hereditárias e o tio paterno é alérgico a camarão até hoje. Ela disse ainda que enquanto não descobríssemos o que era, ele poderia ficar sofrendo, porque digamos que ele fosse alérgico a amendoim e eu não soubesse. No dia em que eu comesse uma paçoca ia ser mais uma crise de dor e de choro e um sofrimento para mim vê-lo daquele jeito. A médica deixou nas minhas mãos a decisão sobre o que fazer: parava de amamentar e entrava no leite especial ou continuava tentando descobrir se havia mais alguma alergia e suportando as cólicas que podiam continuar acontecendo. Minha mãe, vendo minha fraqueza e magreza diante da dieta só de leite e derivados, de desesperou quando eu disse que ia restringir mais ainda. Eu fiquei transtornada diante da ideia de parar de amamentar porque eu amava e até então, nessa consulta, quando ele tinha 4 meses e 1 semana, ele estava em amamentação exclusiva, tendo apenas experimentado uma mamadeira de NAN (que não deu certo, obviamente, mas eu ainda não sabia da APLV) num dia em que eu tive mastite e sentia muita dor. Ainda com a mastite eu continuei amamentando. Como alguém me falava que agora talvez seria preciso eu parar de amamentar? Minha mãe conversou seriamente comigo, dizendo que o Matheus precisava da mãe saudável e que no ritmo em que eu estava com ele, sem dormir, com cólicas, e ainda fazendo dieta eu ia cair doente e aí eu precisaria não só privar meu filho da amamentação como também da minha presença. Fora que eu ainda não tinha descoberto o(s) possível(is) outro(s) alimento(s) a que o meu boneco pudesse ter alergia e ele poderia ficar sofrendo ainda até eu descobrir, ou seja, o meu leite, que era para ser o melhor alimento, poderia estar causando mal enquanto não estivesse completamente isento de algum alimento que eu não sabia o que era, já que a dieta exclusiva de tudo não tinha dado resultado.
Só para vocês entenderem, essa dieta é bastante restritiva. Eu não comia fora nenhuma vez porque sei lá se iam fazer meu bife numa chapa que foi usada antes com manteiga. Eu não comia presunto, porque sei lá se o presunto foi cortado na mesma máquina em que foi cortado o queijo. Eu não comia nada que pudesse passar perto de ter um resquício qualquer ou de leite ou de derivados ou de análogos, porque, por exemplo, até caldo knorr de galinha tem leite, então eu tinha certeza de que a dieta que eu estava fazendo era certa. Eu era neurótica a ponto de separar a esponja da minha louça para que a faca usada pelo Rafael para cortar queijo não fosse lavada na esponja que passaria no meu prato de comida. Se a minha dieta exclusiva tivesse dado resultado, eu iria emagrecer, virar um palito, deixar de comer um monte de coisa gostosa, mas continuaria amamentando até ele deixar no tempo dele. Mas nem tudo sai do jeito que a gente quer e sobre nem tudo dá para ter controle. Como com essa dieta, ainda assim, depois de mais de 30 dias as cólicas não tinham acabado completamente, foi com muito pesar que aos 4 meses e 1 semana do Matheus, eu parei de amamentar e comecei a tentar os leites indicados para os alérgicos.
Fizemos testes de 3 dias com cada um, para dar o tempo de reação intestinal. O primeiro foi o Aptamil Pepti, não deu certo. O segundo foi o Pregomin Pepti, ele voltou a fazer cocô a cada mamada, com diarreia. Depois do Pregomin, só nos restava o com a proteína mais extensamente hidrolisada: o Neocate. Antes de testar o Neocate, chorei muito e fiquei bastante apreensiva, afinal de contas, era a única tentativa que restava. Se não fosse ele, eu não saberia o que meu bebê tinha, eu não saberia o que fazer. Começamos com o Neocate e cerca de 3 dias depois, a evacuação se regularizou, uma vez por dia, as cólicas acabaram quase por completo e o Matheus virou outro bebê, bem mais tranquilo.
Graças a Deus não havia mais choradeira em casa e meu sofrimento de ver meu Fofuchinho berrando por uma dor que eu não sabia o que era tinha acabado. Minha luta para descobrir não foi em vão! Tudo tinha começado a dar certo e eu estava muito feliz. Só que a lata de Neocate era 150 reais na farmácia mais barata e durava por volta de três dias. Como eu ia gastar 1500 reais por mês aproximadamente só de leite? Foi aí que a gastropediatra e minha amiga Carla, que já citei no último post, me indicaram o PRODIAPE, um programa do governo voltado para os alérgicos à proteína do leite.
Continua...
Nossa! Que coisa! Mas que bom que no final, vcs conseguiram descobrir direitinho o que estava incomodando o Matheus :) Espero que de agora em diante seja BEM mais tranquilo!
ResponderExcluirApesar de não ter filho, sei direitinho como é ter uma dieta mega restrita. Aqui em casa, não comemos NADA derivado de vaca (nem carne, nem leite, nem qualquer produto que tenha 1 ingredientezinho de vaca...) nem nada que tenha glutén. É BEM complicado comer fora (em geral, vemos o cardápio online para ver aonde podemos comer). Isso tudo porque meu marido é alérgico a derivados de vaca e gluten. Felizmente, aqui nos EUA, temos muitas alternativas (leite de amendoas ao invés de leite normal; "manteiga" de azeite de oliva; oleo de coco para cozinhar, e vários produtos voltados para veganos e celíacos). No início, dá um trabalho mudar a dieta, mas depois, fica fácil fácil...Estamos nessa dieta já tem 6 meses, e hoje em dia, é praticamente no automático :)
Fico imaginando como será difícil se algum dia voltarmos ao Brasil, pois aí, além de não ter vários dos produtos veganos que hoje usamos, os poucos que têm são BEM caros! (vi o preço de leite de amendoas no site do Mundo Verde e quase tive um treco!!!)
Não sabia que seu fofuchinho tinha alergia à leite.
ResponderExcluirQue bom que vcs descobriram logo!
Minha prima mais velha tem 31 anos hoje e é alérgica a leite desde bebê. Demoraram mais de um ano pra descobrir (naquela época as coisas eram mais lentas) e ela não podia comer quase nada... Hj em dia ela toma um remédio que sintetiza a lactase e pode comer de tudo. Mas até descobrir esse remédio, qdo tinha 9 anos, ela penou viu... Naquela época não encontravamos coisas de soja, por exemplo. me lembro até hj do dó que era a gente ganhar chocolate na páscoa e ela jujuba =/
Eu não tenho alergia, mas sou intolerante à lactose, então quase não tomo leite, iogurte... Queijo não me faz tão mal. Tomo leite de amêndoas que faço em casa.
Beijos!
Mamãe musa. Descobri essa semana sobre a APLV do meu bebe.
ResponderExcluirEstou ainda muito confusa, mesmo porque ele já esta com 7 meses e desde que nasceu teve refluxo e mamava Aptamil Ar.
Nunca teve cólica, problemas gastro, nada.. Somente de 4 meses pra cá ele teve várias crises de asma, bronquite, que não paravam de forma nenhuma. Foi então que a Pneumologista diagnosticou a APLV.
Começamos ontem com o Neocate mas me sinto perdida.
Além do gosto do leite ser horrível, e ele estar mamando bem menos.
Vi várias pessoas comentando ate sobre fraldas e lenços umidecidos, não sei de onde começar.. Mesmo porque ele não teve reações na pele e sim respiratórias.
Me ajude me contando mais por favor.