Devolvam o meu Matheusinho

Porque o meu Matheusinho foi abduzido por extraterrestres ou foi escondido por gnomos ou transformado por alguma bruxa má. Em vez dele, deixaram um menino pirracento, que quer atenção o tempo todo, não cede nem um pouco e quer suas vontades atendidas o tempo inteiro. Se não, ele faz birra, joga as coisas longe e chama quem quer que esteja perto de feio ou bobo. 

"Ah, é ciúme da irmã." "Ah, é uma fase." Sei que ele é apenas uma criança, MAS ACHO UMA PUTA INJUSTIÇA EU TER DE PASSAR POR ISSO. Quem me conhece sabe que sou a rainha da paciência com crianças, não falo alto, não grito, é difícil eu perder o controle. E aí me pergunto se o problema não é justamente esse. Se eu tinha de ser mais rígida, ou se, no popular, tinha de cagar e andar, deixar pra lá, não dar atenção. Sei lá! 

Fico com um ar de ingratidão e é como se todo amor que eu diariamente dê ou ofereça seja demais. Que a atenção exclusiva antes da irmã só tenha criado uma criança mimada que não aceita ser contrariada. NÃO É COMO SE EU FOSSE ALGUÉM DESEQUILIBRADA, GENTE! Apesar das letras em caps lock, juro que não. 

Eu sempre estou tentando entender. Sempre estou atenta aos desejos e necessidades dele. Nunca diminuí a atenção pra ele, além da natural, como na amamentação, pela chegada da Giovanna. Deixo de ir aos lugares se o Rafael não vai pra não correr o risco de ele pedir colo e eu não poder dar por muito tempo colo aos dois.

Mesmo com todos meus esforços, tô passando por uma fase tensa com ele. Ele tem alguns momentos dóceis e amáveis mas vou confessar que são poucos atualmente. No geral, ele tá ou reclamando, ou falando resmungando, ou chorando. E eu fico me perguntando qual meu problema? Onde que eu tô errando? A verdade é que me sinto UMA INCOMPETENTE assim com letras maiúsculas cada vez que ele tem esse tipo de comportamento. 

Exemplo: Eu tô penando pra tirar a chupeta dele, né? Estou dando só na hora de dormir porque ainda não consegui transpor essa barreira, ainda não estou preparada para os ataques de histeria que ele vai dar no pré-sono, e ele pede muito a chupeta o tempo todo depois que chega da escola, porque lá não tem. Aí já começa muitas vezes a choradeira. Eu negando e ele chorando quando nego. Então começa a saga do choro noturno. 

Ontem, sei lá por que esqueci a chupeta em algum lugar que ele alcançou. Ele com a chupeta na mão vem me pedir: "Mamãe, chupeeeeta", já com uma irritante voz de choro. "Filho, a chupeta está na sua mã-ão..." respondo rindo e brincando. O danado jogou a chupeta longe e fez cara feia. Virou as costas, sentou no sofá e começou a gritar pedindo a chupeta. Falei: "Filho! A chupeta não estava na sua mão???" Com tom mais firme. Ele começa a chorar e gritar: "chupeeeeeta, chupeeeeeta." Falei: "Ah é? Agora que você não vai ter a chupeta mesmo. Você nem poderia estar com a chupeta agora porque é só na hora de dormir e ainda tá fazendo pirraça??? E continuou chorando. 

Nisso Rafael chegou e ele lá chorando. Rafael fez aquele olhar pra mim de "de novo isso?" porque essa situação está frequente. Foi lá falar com ele calmamente: "Filho, por que você está chorando?" Ele continuou chorando sem responder. Nisso eu já estava tão irritada que falei: "Olha só, Matheus! Você não tem motivo pra chorar! Você não está sentindo dor. Você tem tudo na mão. Você tem toda a atenção de uma família que te ama! Para de chorar que o que você está fazendo tá muito errado! Você está deixando a mamãe triste porque a mamãe chegou do trabalho cheia de vontade de brincar com você e você não quer brincar com a mamãe! Você só quer reclamar, chorar, sem motivo! Quer a chupeta, chupa a chupeta! Quer comer alguma coisa, fala, responde, sem chorar! Mas do jeito que tá não dá. Se você continuar chorando você não vai ter nada da mamãe. Nada!" 

Dei as costas e ele começou a chorar. Chorou, chorou, chorou até cansar. Nisso já era perto da hora de dormir, eu super estressada, aí do nada ele "melhorou" e veio conversar comigo, tomou o leite e dormiu "bem". Mas depois que ele dormiu eu ainda fui chorar pra extravasar todo o sentimento de incompetência que eu estava sentindo.

Tá brabo, gente. Isso pra não contar todas as vezes que bate na irmã, que puxa as coisas da mão dela com força de propósito. Por isso sei que muito do comportamento é pra chamar atenção, porque quer atenção exclusiva. Pode ser uma fase, mas gente, eu posso até considerar isso, mas não tomar isso como regra. Ele precisa saber o que é certo ou errado, precisa saber que o mundo não gira ao redor dele, precisa saber que eu o amo demais e loucamente, mas ele não é o centro do universo. Quem precisa ensinar a ele sobre certo e errado, dar os limites, educar, sou eu! Mas tá muito difícil. Cansa.

Se você é mãe de um bebê mais ou menos na idade da Giovanna, que já não acorda mais a noite inteira, que interage com você e que não testa seus limites de paciência, só de cansaço, aquele neném que tá no auge da fofura, deve ter chegado a esse ponto do texto me julgando loucuras. Eu também era assim quando me diziam das crianças na fase do terrible two antes de ser mãe ou com Matheus bem novinho. "Noooossa, mas como que ela fala do filho assim, que não está aguentando, que é sacrificante..."  Você não é obrigada a saber mesmo. E espero sinceramente que seu filho não tenha esse comportamento perto dos dois anos porque nenhuma mãe que faz de tudo pelo seu filho merece ser testada desse jeito.

É um desafio, minha gente! São quase todas as noites ensinando o que fazer. Muito mais uma educação chata, orientações necessárias, do que prazer. Quando passo mais tempo com ele, nos finais de semana, acaba que esses momentos se diluem mais nos momentos bons porque ele tá uma figurinha, né? Falante, cheio de pérolas e novidades. Brincamos, nos divertimos. Mas quando acontecem muitas noites seguidas assim, eu fico realmente mal, me achando super incompetente como falei lá em cima.

Enfim, sei que é uma fase, que vai passar, que outros problemas maiores talvez virão. Mas eu preciso desabafar pra não infartar e pra que outras mães que também estejam passando por isso não se sintam sozinhas. Não acho que "reclamar" me torna menos amorosa ou merecedora do que quem não reclama. Acho que me torna mais humana e me aproxima das outras mães, sendo solidária aos problemas da maternidade que todas têm. Me abraça aí, pufavô. E ET, se não for pedir muito, manda de volta o meu Matheusinho, aquele só carinhoso e encantador, sem pirraças ou showzinhos. Fico no aguardo. Obrigada, viu?

Mamãe Musa já tá bem da bursite no quadril. Obrigada pelas mensagens. :)

3 comentários:

  1. Musa,
    Nunca comentei aqui, mas leio frequentemente o seu blog, apesar de ainda não ser mãe. Devido a minha falta de experiência, não tenho nenhum conselho pra te dar, mas vim deixar aqui o meu abraço pra vc. Nesse momento que vc está questionando a sua competência como mãe, quero deixar clara a minha profunda admiração por vc. Apesar de não nos conhecermos muito, já falei sobre vc a várias pessoas e indiquei o seu blog diversas vezes. E sempre falo que Rafael tirou a sorte grande qdo escolheu vc para mãe de seus filhos. Fique bem. :)

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  2. Amiga,
    Sinta-se abraçada e amada por quem, mesmo nao tendo a minima noçao do que vc esta sentindo, tem a certeza de que nao esta exagerando.
    Como protetora que sou, queria poder te ajudar a passar essa fase dificil, mas sei que vc nao esta so.
    Mesmo assim, estou e sempre estarei por perto, mesmo parecendo longe. Nem que seja para um simples mas merecido abraço.
    Mil beijos
    Fe Lion

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  3. Oiii.... Não se sinta mal c essa situação! E quer saber... Isso vai demorar um pouquinho... Só vai melhorar mesmo depois do 3 anos... Tenho um q ta fazendo 8meses hj e um de 3 anos. Sei exatamente o q VC ta passando e já me questionei varias vezes se de repente eu estaria errando em alguma coisa. Bom, eles não vêm c manual de instrução e nós nao nascemos sabendo ser mãe... É difícil, mas tudo passa e VC ainda vai rir d tudo isso. Bjs

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