Sobre rótulos e padrões impostos

Como já contei a vocês, muitos dos textos que escrevo aqui são de autoras de quem sou fã, com traduções livres minhas e, às vezes, com alguns cortes e adaptações, como no texto de hoje. Leio muito e sempre encontro textos belíssimos e que muito me ensinam pela internet. De vez em quando tem um texto meu, mas como minha criatividade quase se esgota com tanto meme e eu sou mais do humor rs, prefiro dar voz a autoras que admiro e a mensagens que para mim têm muito valor. Essa é uma delas. Apesar de não ter passado por isso, pois minha mãe tem uma beleza perto do padrão que nossa sociedade cobra (magra), também temos nossos "defeitos" assim vistos pela sociedade. Somos baixinhas, o que me fez um tempo ser muito insatisfeita com minha altura, tudo por conta do que a sociedade impõe. Por isso, esse texto é feito para qualquer pessoa que tem algo fora de um padrão ridículo da sociedade (e sempre tem...). Pergunto-me quem definiu esses padrões, se o próprio Criador nos fez tão diferentes... Busquemos nossa saúde e bem estar, e não agradar uma sociedade que escraviza com padrões, principalmente as mulheres. Busquemos a essência, e não a aparência. Espero que gostem do texto. Ele me arrepia cada vez que leio e me deixou emocionada na primeira vez. Que possamos seguir o conselho da autora e deixar de lado os rótulos, que possamos gostar do nosso corpo pelo que ele faz por nós. O original, em inglês, está no site da autora Kasey Edwards

"Mãe,

Eu tinha sete anos quando descobri que você era gorda, feia e horrível. Até aquele momento eu achava que você era linda - em todos os sentidos da palavra. Lembro-me de folhear álbuns de fotos antigas e olhando para fotos de você em pé no convés de um barco, seu maiô branco sem alças parecia tão fascinante, assim como uma estrela de cinema. Sempre que eu tinha chance, eu puxava aquele maravilhoso maiô branco escondido em sua gaveta e imaginava quando eu seria grande o suficiente para usá-lo; quando eu ia ser como você.

Mas tudo isso mudou quando, uma noite, estávamos vestidas para uma festa e você me disse: '' Olhe para você, tão magra, bonita e encantadora. E olhe para mim, gorda, feia e horrível. ''

No começo eu não entendi o que você quis dizer.

'' Você não é gorda,'' eu disse com sinceridade e inocência, e você respondeu: '' Sim, eu sou, querida. Eu sempre fui gorda, desde criança. ''

Nos dias seguintes eu tive algumas revelações dolorosas que moldaram a minha vida inteira. Eu aprendi isso:

1. Você deve ser gorda mesmo porque as mães não mentem.
2. A gordura é feia e horrível.
3. Quando eu crescer, eu vou parecer com você e, portanto, vou ser gorda, feia e horrível também.

Anos mais tarde, lembrei dessa conversa e das centenas que se seguiram e culpei você por me sentir tão pouco atraente e insegura. Porque, como o meu primeiro e mais influente modelo, você me ensinou a acreditar a mesma coisa sobre mim mesma.

Com cada careta ao seu reflexo no espelho, cada nova dieta radical que iria mudar a sua vida, e cada colher culpada de ''caramba-eu-realmente-não-deveria'', eu aprendi que as mulheres devem ser magras para serem seguras, atraentes e dignas. E mais, que a maior contribuição que as meninas devem dar para o mundo é a sua beleza física.

Assim como você, eu passei toda a minha gordura para meu sentimento na vida. E além disso, acreditava não ser boa para o mundo porque eu era gorda.

Mas agora que estou mais velha, e sou mãe também, eu sei que culpar você pelo ódio por meu corpo é inútil e injusto. Agora eu entendo que você também é um produto de uma linhagem longa e cheia de mulheres que foram ensinadas a odiar a si mesmas.

Ninguém lhe disse que você é amada e é boa o suficiente. Suas realizações e seu valor - como uma professora de crianças com necessidades especiais e uma mãe dedicada de três - tornaram-se insignificantes quando comparados com os centímetros que você tinha a mais (e não conseguia perder) na sua cintura.

Sinto muito de não ter percebido isso antes. Eu já tinha apreendido que a culpa por você ser gorda era sua. Eu tinha ouvido várias pessoas descreverem a perda de peso como um 'processo' 'simples' - ainda que você não pudesse atingi-la, por vários motivos.

Mas eu estava errada, mãe. Agora eu entendo o que é crescer em uma sociedade que diz às mulheres que sua beleza é mais importante, e, ao mesmo tempo, define um padrão de beleza que é perpetuamente fora do nosso alcance. Eu também sei a dor de internalizar estas mensagens. Nós nos tornamos nossos próprios carcereiros e nós provocamos nossas próprias punições por não estarmos à altura. Ninguém é mais cruel para nós do nós mesmos.

Mas essa loucura tem que parar, mãe. Parar com você, parar comigo, parar agora. Nós merecemos mais, muito mais, do que ter nossos dias arruinados por pensamentos ruins sobre o corpo, desejando que fosse de outra forma.

E agora não é mais sobre você e sobre mim. É também sobre Violet. Sua neta tem apenas 3 anos e eu não quero que o ódio ao corpo crie raízes dentro dela e estrangule sua felicidade, sua confiança e seu potencial. Eu não quero que Violet acredite que sua beleza é seu ativo mais importante; que vai definir o seu valor no mundo. Para que Violet mire em nós para aprender como ser uma mulher, precisamos ser os melhores modelos que pudermos. Precisamos mostrar a ela com nossas palavras e nossas ações que as mulheres são boas o suficiente do jeito que elas são. E para que ela acredite em nós, também precisamos acreditar em nós mesmas.

Quanto mais velhos ficamos, mais entes queridos perdemos para acidentes e doenças. Sua passagem é sempre trágica e cedo demais. Às vezes penso sobre o que esses amigos - e as pessoas que os amam - não dariam por mais tempo em um corpo que era saudável. Um corpo que lhes permitiria viver um pouco mais. O tamanho das coxas do corpo ou as linhas e rugas em seu rosto não importariam. Eles estariam vivos e, portanto, seriam perfeitos.

Seu corpo é perfeito também. Ele permite que você envolva todos com seu sorriso e contagie a todos com sua risada. Seu corpo lhe dá braços para abraçar Violet e apertá-la até ela gargalhar. Cada momento que passamos nos preocupando com as nossas "falhas" físicas é um tempo desperdiçado, uma fatia preciosa da vida que nunca vai voltar.

Vamos honrar e respeitar os nossos corpos pelo que eles fazem por nós em vez de desprezá-los pelo que eles parecem. Concentre-se em viver uma vida saudável e ativa, deixe a perda de peso como consequência, e vamos deixar nosso ódio ao corpo no passado. Quando eu olhava para aquela foto sua no maiô branco anos atrás, meus olhos jovens inocentes viam a verdade. Eu via o amor incondicional, a beleza e a sabedoria. Eu via minha mãe.

Com amor, Kasey."

Um comentário:

  1. Amigammmm, adorei! Aqui, eu fujo do padrão para mais...rs Sou enorme de alta! Sempre fui a girafa da turma. Beijos e bom fim de semana!

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